A Consciência Limita a Liberdade
Onde há liberdade absoluta, há bem-aventurança absoluta, e inversamente. Mas, com a liberdade absoluta, também não é mais pensável nenhuma autoconsciência. Uma actividade para a qual não há mais nenhum objecto, nenhuma resistência, nunca retorna a si mesma. Somente pelo retorno a si mesmo surge uma consciência. Somente uma realidade limitada é efectividade para nós.
Onde cessa toda a resistência, há extensão infinita. Mas a intensidade da nossa consciência está na proporção inversa da extensão do nosso ser. O momento mais alto do ser é, para nós, passagem ao não-ser, momento de anulação. Aqui, no momento do ser absoluto, a suprema passividade unifica-se com a mais ilimitada das actividades. A actividade ilimitada é… calma absoluta, epicurismo perfeito.
Textos sobre Altos de Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling
2 resultadosO Engodo da Felicidade como Recompensa
Toda essa ideia de uma felicidade como recompensa – que outra coisa seria, portanto, senão uma ilusão moral: um título de crédito com o qual se compra de ti, homem empírico, os teus prazeres sensíveis de agora, mas que só é pagável quando tu mesmo não precisas mais do pagamento. Pensa sempre nessa felicidade como um todo de prazeres que são análogos aos prazeres sacrificados agora. Ousa, apenas, dominar-te agora; ousa o primeiro passo de criança em direcção à virtude: o segundo já se tornará mais fácil para ti. Se continuares a progredir, notarás com espanto que aquela felicidade que esperavas como recompensa do teu sacrifício, mesmo para ti não tem mais nenhum valor. Foi intencionalmente que se colocou a felicidade num ponto do tempo em que tens de ser suficientemente homem para te envergonhares dela. Envergonhar, digo eu, pois, se nunca chegas a sentir-te mais sublime do que aquele ideal sensível de felicidade, seria melhor que a razão jamais te tivesse falado.
É exigência da razão não precisar mais de nenhuma felicidade como recompensa, tão certo quanto é exigência tornar-se mais conforme à razão, mais autónomo, mais livre. Pois, se a felicidade ainda pode recompensar-nos – a não ser que se interprete o conceito de felicidade contrariamente a todo o uso da linguagem -,