Textos sobre Ar de Almada Negreiros

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Deixemos a Humanidade Ă  Sua Ordem Natural

NĂŁo aleijemos a pobre humanidade mais do que ela jĂĄ estĂĄ com tantas sacudidelas da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima. Do individualismo para o colectivismo e do colectivismo para o individualismo. NĂŁo sejamos tĂŁo crianças que queiramos levantar ao ar a esfera pretendendo agarrĂĄ-la apenas pelo hemisfĂ©rio da direita ou apenas pelo da esquerda, ou apenas pelo hemisfĂ©rio superior, porque a Ășnica maneira de agarrĂĄ-la bem tĂŁo-pouco Ă© pĂŽr-lhe as mĂŁos por baixo, nem ainda abraçando-a com os dois braços e os dedos metidos uns nos outros para nĂŁo deixar escapar as mĂŁos e com o prĂłprio peito do lado de cĂĄ a ajudar tambĂ©m; a Ășnica maneira de equilibrar a esfera no ar Ă© deixĂĄ-la estar no ar como a pĂŽs Deus Nosso Senhor, ĂĄs voltas Ă  roda do sol, como a lua Ă  roda de nĂłs e assegurada contra todos os riscos dos disparates da humanidade.

Matéria e Espírito

NĂłs hoje estamos ao mesmo tempo na melhor Ă©poca da humanidade e na pior. TĂŁo depressa sentimos que tudo em nĂłs e em redor marcha unĂ­ssono em frente, como subitamente um grande atrito emperra as nossas prĂłprias articulaçÔes. HĂĄ ao mesmo tempo qualquer coisa que nos desacompanha e qualquer coisa que nos anima. HĂĄ caminhos inteiros que terminam sĂșbito e nĂŁo hĂĄ caminho inteiro e vitalĂ­cio. E nĂłs desejamos francamente acertar com a direcção Ășnica e onde o Ășnico obstĂĄculo seja de verdade o mistĂ©rio do futuro.
Todo aquele que se lance mais animado pela palavra espĂ­rito, nĂŁo creia que faz mais do que estar sujeito a uma determinante actual. A consciĂȘncia material, como acontece hoje, dĂĄ entrada natural para o campo do espĂ­rito. Assim tambĂ©m o espĂ­rito tem existĂȘncia vital segundo a qualidade de consciĂȘncia da matĂ©ria. O espĂ­rito apartando da matĂ©ria nĂŁo Ă© deste mundo. EspĂ­rito e matĂ©ria confundem-se em vida.
Acontece, porĂ©m, que os fugitivos da matĂ©ria transformam em si esse unilateralismo ao ingressar no espĂ­rito, e ficam outra vez de banda, inversamente agora, mas como antes. Ora o espĂ­rito nĂŁo tem mais dimensĂ”es do que a matĂ©ria; sĂŁo outras, mas idĂȘnticas, que se justapĂ”em,

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