A Alma Popular Ă© Totalmente Dominada por Elementos Afectivos e MĂsticos
A acção cada vez mais considerável das multidões na vida polĂtica imprime especial importância ao estudo das opiniões populares. Interpretadas por uma legiĂŁo de advogados e professores, que as transpõem e lhe dissimulam a mobilidade, a incoerĂŞncia e o simplismo, elas permanecem pouco conhecidas. Hoje, o povo soberano Ă© tĂŁo adulado quanto foram, outrora, os piores dĂ©spotas. As suas paixões baixas, os seus ruidosos apetites, as suas ininteligentes aspirações suscitam admiradores. Para os polĂticos, servidores da plebe, os factos nĂŁo existem, as realidades nĂŁo tĂŞm nenhum valor, a natureza deve-se submeter a todas as fantasias do nĂşmero.
A alma popular (…) tem, como principal caracterĂstica, a circunstância de ser inteiramente dominada por elementos afectivos e mĂsticos. NĂŁo podendo nenhum argumento racional refrear nela as impulsões criadas por esses elementos, ela obedece-lhes imediatamente.
O lado mĂstico da alma das multidões Ă©, muitas vezes, mais desenvolvido ainda do que o seu lado afectivo. DaĂ resulta uma intensa necessidade de adorar alguma coisa: deus, feitiço, personagem ou doutrina.
(…) O ponto mais essencial, talvez, da psicologia das multidões Ă© a nula influĂŞncia que a razĂŁo exerceu nelas. As ideias susceptĂveis de influenciar as multidões nĂŁo sĂŁo ideias racionais, porĂ©m sentimentos expressos sob forma de ideias.
Textos sobre Argumentos de Gustave Le Bon
2 resultadosO Regulador do Prazer e da Dor: o Hábito
O hábito Ă© o grande regulador da sensibilidade; ele determina a continuidade dos nossos atos, embota o prazer e a dor e nos familiariza com as fadigas e com os mais penosos esforços. O mineiro habitua-se tĂŁo bem Ă sua dura existĂŞncia que dela se recorda saudoso quando a idade o obriga a abandoná-la e o condena a viver ao sol. O hábito, regulador da vida habitual, Ă© tambĂ©m o verdadeiro sustentáculo da vida social. Pode-se compará-lo Ă inĂ©rcia, que se opõe, em mecânica, Ă s variações de movimento. A dificuldade para um povo consiste, primeiramente, em criar hábitos sociais, depois em nĂŁo permanecer muito tempo neles. Quando o jugo dos hábitos pesou muito tempo num povo, ele sĂł se liberta desse jugo por meio de revoluções violentas. O repouso na adaptação, que o hábito consiste, nĂŁo se deve prolongar. Povos envelhecidos, civilizações adiantadas, indivĂduos idosos tendem a sofrer demasiado o jugo do costume, isto Ă©, do hábito.
Seria inútil dissertar longamente sobre o seu papel, que mereceu a atenção de todos os filósofos e se tornou um dogma da sabedoria popular.
“Que sĂŁo os nossos princĂpios naturais”, diz Pascal, “senĂŁo os nossos princĂpios acostumados. E nas crianças,