A ImportĂąncia da Arte
A arte Ă©, provavelmente, uma experiĂȘncia inĂștil; como a «paixĂŁo inĂștil» em que cristaliza o homem. Mas inĂștil apenas como tragĂ©dia de que a humanidade beneficie; porque a arte Ă© a menos trĂĄgica das ocupaçÔes, porque isso nĂŁo envolve uma moral objectiva. Mas se todos os artistas da terra parassem durante umas horas, deixassem de produzir uma ideia, um quadro, uma nota de mĂșsica, fazia-se um deserto extraordinĂĄrio. Acreditem que os teares paravam, tambĂ©m, e as fĂĄbricas; as gares ficavam estranhamente vazias, as mulheres emudeciam. A arte Ă©, no entanto, uma coisa explosiva. Houve, e hĂĄ decerto em qualquer lugar da terra, pessoas que se dedicam Ă experiĂȘncia inĂștil que Ă© a arte, pessoas como VirgĂlio, por exemplo, e que sabem que o seu silĂȘncio pode ser mortal. Se os poetas se calassem subitamente e sĂł ficasse no ar o ruĂdo dos motores, porque atĂ© o vento se calava no fundo dos vales, penso que atĂ© as guerras se iam extinguindo, sem derrota e sem vitĂłria, com a mansidĂŁo das coisas estĂ©reis. O laço da ficção, que gera a expectativa, Ă© mais forte do que todas as realidades acumulĂĄveis. Se ele se quebra, o equilĂbrio entre os seres sofre grave prejuĂzo.
Textos sobre Artista de Agustina Bessa-LuĂs
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A Herança dos Empresårios
Hoje em dia o sector opulento, que Ă© quase unicamente integrado pelos empresĂĄrios, sĂł ele tem a posição de homens livres. Aos artistas e aos pensadores resta, na maioria dos casos, o recurso a serem integrados no funcionalismo pĂșblico para salvaguardarem uma relativa decĂȘncia econĂłmica. O empresĂĄrio nĂŁo estĂĄ preparado para se pronunciar como director intelectual da sociedade; a sua filosofia de vida Ă© incoerente e, muitas vezes, suspeita. DeixarĂĄ uma herança datada, mas nĂŁo uma obra confidencial para as futuras geraçÔes que irĂŁo propagĂĄ-la e, com tal, merecer no mundo o seu ĂȘxito moral face aos outros povos.