Para o Jornalista, Tudo o que é Provável é Verdade
«Para o jornalista, tudo o que Ă© provável Ă© verdade». Trata-se dum axioma estupendo, como tudo o que Balzac inventa. Reflectindo nele, nĂłs percebemos quantas falsidades se explicam e quantas arranhadelas na sensibilidade se resumem a fanfarronices e nĂŁo a conhecimento dos factos. Em geral, o pequeno jornalista Ă© um profeta da Imprensa no que toca a banalidades, e um imprudente no que se refere a coisas sĂ©rias. Quando Balzac refere que a crĂtica sĂł serve para fazer viver o crĂtico, isto estende-se a muitas outras tendĂŞncias do jornalista: o folhetinista, que Ă© o que Camilo fazia nas gazetas do Porto (…). Eu prĂłpria nĂŁo estou isenta duma soma de articulismos, de recursos Ă blague, de graças adaptáveis, de frequentação do lado mau da imaginação, de ridĂculos, de fastidiosos conselhos, de discursos convencionais, de condenações fáceis, de birras imbecis, de poesia de barbeiro, de elegâncias chatas, de canibalismo vulgar, de panfletismo «bom cidadĂŁo». Quando nĂŁo sou nada disso, sou assunto para jornais, mas nĂŁo sou jornalista.
Textos sobre Assunto de Agustina Bessa-LuĂs
2 resultadosA Construção da Personalidade Criadora
A harmonia do comportamento social requer, todos o sabemos, tanto o isolamento como o convĂvio. Excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos que requerem meditação e peso moral, avesso muitas vezes Ă cordialidade natural das afinidades electivas, nĂŁo enriquecem o patrimĂłnio de uma sociedade. Antes embotam e alteram o terreno imparcial da sabedoria.
A solidĂŁo favorece a intensidade do pensamento; por outro lado, torna de certo modo celerado o homem que lida com a força material, com a tĂ©cnica, com os outros homens. O impulso Ă© a força que actualiza estas duas atitudes. Os ricos de impulso que se prontificam a uma reacção agressiva ou escandalosa, esses sĂŁo associais especialmente difĂceis. Todo o revolucionário Ă© associal, se o impulso for nele um desvio da vida instintiva, e nĂŁo uma atitude de homem capaz de obedecer e mandar a si prĂłprio.
«A felicidade máxima do filho da terra há-de ser a personalidade» – disse Goethe. Personalidade criadora, obtida Ă custa do ajustamento das nossas prĂłprias leis interiores, que nĂŁo serĂŁo mais, no futuro, forças repelidas ou encobertas, mas sim valiosas contribuições para o tempo do homem. Quando tudo for analisado e conhecido, sĂł o justo há-de prevalecer.