A Felicidade e a Virtude NĂŁo SĂŁo Argumentos
NinguĂ©m tomarĂĄ facilmente por verdadeira uma doutrina somente porque ela torna felizes ou virtuosos os homens: exceptuando, talvez, os amĂĄveis «idealistas» que se entusiasmam pelo Bom, o Verdadeiro, o Belo e fazem nadar, no seu charco, toda a espĂ©cie de variegadas, pesadonas e bonacheironas idealidades. A felicidade e a virtude nĂŁo sĂŁo argumentos. Mas de bom grado se esquece, mesmo os espĂritos ponderados, que tornar infeliz e tornar mau nĂŁo sĂŁo tĂŁo-pouco contra-argumentos. Uma coisa deveria ser certa, embora fosse muitĂssimo prejudicial e perigosa; seria atĂ© possĂvel fazer parte da estrutura bĂĄsica da existĂȘncia o perecermos por causa do nosso conhecimento total, – de forma que a força de um espĂrito se mediria justamente pela quantidade de «verdade» que era capaz de suportar ou, mais claramente, pelo grau em que necessitasse de a diluir, velar, adocicar, embotar, falsificar. Mas estĂĄ fora de dĂșvida o facto de os maus e infelizes serem mais favorecidos e terem maior possibilidade de ĂȘxito na descoberta certas partes da verdade; para nĂŁo falar dos maus que sĂŁo felizes, – espĂ©cie que os moralistas passam em silĂȘncio.
Ă possĂvel que a dureza e a astĂșcia forneçam, para o desenvolvimento do espĂrito e do filĂłsofo firmes e independentes,
Textos sobre AstĂșcia de Friedrich Nietzsche
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