A Arte da Recordação
A memĂłria Ă© nĂŁo-mediada, e o que vem em seu auxĂlio vem directamente; a recordação Ă© sempre reflectida. É por isso que recordar Ă© uma arte. Como TemĂstocles, em vez de lembrar, desejo poder esquecer; porĂ©m, recordar e esquecer nĂŁo sĂŁo opostos. NĂŁo Ă© fácil a arte de recordar, porque a recordação, no momento em que Ă© preparada, pode modificar-se, enquanto a memĂłria se limita a flutuar entre a lembrança certa e a lembrança errada. Por exemplo, o que Ă© a saudade? É vir Ă recordação algo que está na memĂłria. A saudade gera-se simplesmente pelo facto de se estar ausente. Arte seria conseguir sentir-se saudade sem se estar ausente. Para tanto Ă© preciso estar-se treinado em matĂ©ria de ilusĂŁo. Viver numa ilusĂŁo, em que o crepĂşsculo Ă© contĂnuo e nunca se faz dia, ou alguĂ©m ver-se reflectido numa ilusĂŁo, nĂŁo Ă© tĂŁo difĂcil como alguĂ©m reflectir-se para dentro de uma ilusĂŁo e ser capaz de deixá-la agir sobre si, com todo o poder que Ă© o da ilusĂŁo, apesar de se ter pleno conhecimento disso. A magia de trazer atĂ© si o passado nĂŁo Ă© tĂŁo difĂcil como a de fazer desaparecer o que está presente em benefĂcio da recordação.
Textos sobre Ausentes de Søren Kierkegaard
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