Sobre a Diferença dos EspĂritos
Apesar de todas as qualidades do espĂrito se poderem encontrar num grande espĂrito, algumas hĂĄ, no entanto, que lhe sĂŁo prĂłprias e especĂficas: as suas luzes nĂŁo tĂȘm limites, actua sempre de igual modo e com a mesma actividade, distingue os objectos afastados como se estivessem presentes, compreende e imagina as coisas mais grandiosas, vĂȘ e conhece as mais pequenas; os seus pensamentos sĂŁo elevados, extensos, justos e intelegĂveis; nada escapa Ă sua perspicĂĄcia, que o leva sempre a descobrir a verdade, atravĂ©s das obscuridades que a escondem dos outros. Mas, todas estas grandes qualidades nĂŁo impedem por vezes que o espĂrito pareça pequeno e fraco, quando o humor o domina.
Um belo espĂrito pensa sempre nobremente; produz com facilidade coisas claras, agradĂĄveis e naturais; torna visĂveis os seus aspectos mais favorĂĄveis, e enfeita-os com os ornamentos que melhor lhes convĂȘm; compreende o gosto dos outros e suprime dos seus pensamentos tudo o que Ă© inĂștil ou lhe possa desagradar. Um espĂrito recto, fĂĄcil e insinuante sabe evitar e ultrapassar as dificuldades; adapta-se facilmente a tudo o que quer; sabe conhecer e acompanhar o espirito e o humor daqueles com quem priva e ao preocupar-se com os interesses dos amigos,
Textos sobre Belos de François de La Rochefoucauld
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