A Invisibilidade é a Condição para a Elegância
Parece-me que a invisibilidade Ă© a condição para a elegância. A elegância acaba se for notada. Sendo a poesia a elegância por excelĂŞncia, nĂŁo sabe ser visĂvel. EntĂŁo, para que serve?, dir-me-eis. Para nada. Quem a vĂŞ? NinguĂ©m. O que a nĂŁo impede de ser um atentado contra o pudor, e apesar de o seu exibicionismo se exercer entre os cegos. Contenta-se em exprimir uma moral particular. Depois, esta moral particular solta-se sob a forma de obra. Exige que a deixem viver a sua vida. Faz-se pretexto para imensos mal-entendidos que se chamam a glĂłria. A glĂłria Ă© absurda por resultar de um ajuntamento. A multidĂŁo cerca um acidente, conta-o a si mesma, inventa-o, perturba-o atĂ© se transformar noutro. O belo resulta sempre de um acidente. De uma quebra brutal entre hábitos adquiridos e hábitos a adquirir. Derrota, nauseia. Chega a causar horror. Quando o novo hábito for adquirido, o acidente deixará de ser acidente. Far-se-á clássico e perderá a virtude de choque. Por isso uma obra nunca Ă© compreendida. É admitida. Se nĂŁo me engano, a observação pertence a Eugène Delacroix: «Nunca se Ă© compreendido, Ă©-se admitido». Matisse repete com frequĂŞncia esta frase.
Textos sobre Belos de Jean Cocteau
1 resultado Textos de belos de Jean Cocteau. Leia este e outros textos de Jean Cocteau em Poetris.