Textos sobre BenevolĂȘncia de CĂ­cero

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Textos de benevolĂȘncia de CĂ­cero. Leia este e outros textos de CĂ­cero em Poetris.

Censura Amiga

A amizade penetra nos menores detalhes da nossa vida, o que torna frequentes as ocasiĂ”es de ofensas e melindres: o sĂĄbio deve evitĂĄ-las, destruĂ­-las ou suportĂĄ-las quando necessĂĄrio for. A Ășnica ocasiĂŁo em que nĂŁo devemos deixar de ofender um amigo, Ă© quando se trata de lhe dizer a verdade e de lhe provar assim a nossa fidelidade. Porque nĂŁo devemos deixar de sobreavisar os nossos amigos, ainda quando se trate de os repreender. E nĂłs mesmos devemos levar isto em boa vontade, quando tais repreensĂ”es sĂŁo ditadas pelo bem querer.
Todavia, sou forçado a confessĂĄ-lo, como disse o nosso TerĂȘncio no seu Adriana: «A benevolĂȘncia gera a amizade; a verdade, o Ăłdio». Sem dĂșvida a verdade Ă© molesta se produz o Ăłdio, este veneno da amizade. Mas a magnanimidade Ă©-o ainda mais, porque para a indulgĂȘncia culpĂĄvel, pelas faltas de um amigo, ela deixa-o precipitar-se nas suas ruĂ­nas. Mas a falta mais grave Ă© a que despreza a verdade e se deixa conduzir ao mal pela adulação. Este ponto reclama toda a nossa vigilĂąncia e atenção. Afastemos o ĂĄcido das nossas advertĂȘncias, a injĂșria dos nossos reproches; que a nossa complacĂȘncia (sirvo-me voluntĂĄrio da expressĂŁo de TerĂȘncio) seja farta de urbanidade;

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A Amizade como Auxiliar da Virtude

A maioria dos homens, na sua injustiça, para nĂŁo dizer na sua imprudĂȘncia, quer possuir amigos tais como eles prĂłprios nĂŁo seriam. Exigem o que nĂŁo tĂȘm. O que Ă© justo Ă© que, primeiro, sejamos homens de bem e em seguida procuremos o que nos pareça sĂȘ-lo. SĂł entre homens virtuosos se pode estabelecer esta conveniĂȘncia em amizade, sobre a qual insisto hĂĄ muito tempo. Unidos pela benevolĂȘncia, guiar-se-ĂŁo nas paixĂ”es a que se escravizam os outros homens. AmarĂŁo a justiça e a equidade. EstarĂŁo sempre prontos a tudo empreender uns pelos outros, e nĂŁo se exigirĂŁo reciprocamente nada que nĂŁo seja honesto e legĂ­timo. Enfim, terĂŁo uns para os outros, nĂŁo somente deferĂȘncias e ternuras, mas, tambĂ©m, respeito. Eliminar o respeito da amizade Ă© podar-lhe o seu mais belo ornamento.
É pois erro funesto crer que a amizade abre via livre Ă s paixĂ”es e a todos os gĂ©neros de desordens. A natureza deu-nos a amizade, nĂŁo como cumplice do vĂ­cio, mas como auxiliar da virtude.
A fim de que a virtude, que, sozinha, não poderia chegar ao åpice, pudesse atingi-lo com o auxílio e o apoio de tal companhia. Aqueles para quem esta aliança existe, existiu ou existirå,

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