Onde Começa o Bem
HĂĄ um limite a partir do qual a força visual do olho humano deixa de ser capaz de identificar o mau instinto tornado demasiado subtil para os seus fracos recursos; Ă© aĂ que o homem faz começar o reino do bem; e a sensação de ter penetrado nesse reino desperta sincronicamente nele todos os instintos, os sentimentos de segurança, de bem-estar, e de benevolĂȘncia, que o mal limitava e ameaçava. Por consequĂȘncia: quanto mais o olhar Ă© fraco, maior Ă© o domĂnio do bem! DaĂ a eterna alegria do povo e das crianças! DaĂ o abatimento dos grandes pensadores, e o humor negro que Ă© o seu, humor parente da mĂĄ consciĂȘncia.
Textos sobre BenevolĂȘncia de Friedrich Nietzsche
2 resultadosA Felicidade e a Virtude NĂŁo SĂŁo Argumentos
NinguĂ©m tomarĂĄ facilmente por verdadeira uma doutrina somente porque ela torna felizes ou virtuosos os homens: exceptuando, talvez, os amĂĄveis «idealistas» que se entusiasmam pelo Bom, o Verdadeiro, o Belo e fazem nadar, no seu charco, toda a espĂ©cie de variegadas, pesadonas e bonacheironas idealidades. A felicidade e a virtude nĂŁo sĂŁo argumentos. Mas de bom grado se esquece, mesmo os espĂritos ponderados, que tornar infeliz e tornar mau nĂŁo sĂŁo tĂŁo-pouco contra-argumentos. Uma coisa deveria ser certa, embora fosse muitĂssimo prejudicial e perigosa; seria atĂ© possĂvel fazer parte da estrutura bĂĄsica da existĂȘncia o perecermos por causa do nosso conhecimento total, – de forma que a força de um espĂrito se mediria justamente pela quantidade de «verdade» que era capaz de suportar ou, mais claramente, pelo grau em que necessitasse de a diluir, velar, adocicar, embotar, falsificar. Mas estĂĄ fora de dĂșvida o facto de os maus e infelizes serem mais favorecidos e terem maior possibilidade de ĂȘxito na descoberta certas partes da verdade; para nĂŁo falar dos maus que sĂŁo felizes, – espĂ©cie que os moralistas passam em silĂȘncio.
Ă possĂvel que a dureza e a astĂșcia forneçam, para o desenvolvimento do espĂrito e do filĂłsofo firmes e independentes,