A Falácia do Sucesso
Abominável coisa Ă© o bom ĂŞxito, seja dito de passagem. A sua falsa parecença com o merecimento ilude os homens. Para o vulgo, o bom sucesso equivale Ă supremacia. A vĂtima dos logros do triunfo, desse menecma da habilidade, Ă© a histĂłria. SĂł Tácito e Juvenal se lhe opõem. Existe na Ă©poca e sente uma filosofia quase oficial, que envergou a librĂ© do bom ĂŞxito e lhe faz o serviço da antecâmara. Fazei por serdes bem sucedido, Ă© a teoria. Prosperidade supõe capacidade. Ganhai na lotaria, sereis um homem hábil. Quem triunfa Ă© venerado. Nascei bem-fadado, nĂŁo queirais mais nada. Tende fortuna, que o resto por si virá; sede feliz, julgar-vos-ĂŁo grande. Se pusermos de parte as cinco ou seis excepções imensas que fazem o esplendor de um sĂ©culo, a admiração contemporânea Ă© apenas miopia. Duradora Ă© ouro. Pouco importa que nĂŁo sejais ninguĂ©m, contanto que consigais alguma coisa.
O vulgo é um narciso velho, que se idolatra a si próprio e aplaude o vulgar. A faculdade sublime de ser Moisés, Esquilo, Dante, Miguel Ângelo ou Napoleão, decreta-a a multidão indistintamente e por unanimidade a quem atinge o alvo que se propôs, seja no que for. Que um tabelião se transforme em deputado;
Textos sobre Bispos de Victor Hugo
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