Da Conversa
Há quem, na conversa, prefira mostrar espírito brilhante, e ser capaz de sustentar todos os argumentos, a exercer o juízo no discernimento da verdade, como se houvesse maior mérito em saber o que pode ser dito, do que em conhecer o que deve ser pensado, alguns têm certos lugares comuns e certos temas em que se mostram bons conversadores, mas são falhos na variedade; esta espécie de indigência é quase sempre aborrecida, e de vez em quando ridícula; a parte mais honrosa do colóquio consiste em dar ocasião a novo tema, e também em moderar ou acelerar a transição para assunto diferente; é bom variar, mesclando o assunto de que se está a conversar com argumentos, narrativas com discussões, perguntas com respostas, jocosidades com seriedades; há, porém, assuntos que não permitem brincadeira, nomeadamente a religião, os negócios do Estado, as altas personalidades, todas as questões de importância para as pessoas presentes, enfim, todos os casos dignos de dó.
Aquele que muito interrogar muito aprenderá também, muito contentará também, especialmente se adaptar as suas perguntas aos conhecimentos daqueles que lhe podem responder, pois assim lhes dará ocasião de se comprazerem a falar, e ele próprio continuará a ganhar conhecimentos; se por vezes fingirdes ignorar o que consta que sabeis,
Textos sobre Brincadeiras de Francis Bacon
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