Todos os Homens São Proprietários
Todos os homens são proprietários, mas na realidade nenhum possui. Não são proprietários apenas porque até o último dos pedintes tem sempre alguma coisa além do que traz em cima, mas porque cada um de nós é, a seu modo, um capitalista.
AlĂ©m dos proprietários de terras, de mercadorias, de máquinas e de dinheiro, existem, ainda mais numerosos, os proprietários de capitais pessoais, que se podem alugar, vender ou fazer frutificar como os outros. SĂŁo os proprietários e locadores de força fĂsica – camponeses, operários, soldados – e proprietários e prestadores de forças intelectuais – mĂ©dicos, engenheiros, professores, escritores, burocratas, artistas, cientistas. Quem aluga os seus mĂşsculos, o seu saber ou o seu engenho obtĂ©m um rendimento, que pressupõe um patrimĂłnio.
Um demagogo ou um dirigente de partido pode viver pobremente, mas se milhões de homens estĂŁo dispostos a obedecer a uma palavra sua, Ă©, na realidade, um capitalista, que, em vez de possuir milhões de liras, possui milhões de vontades. O talento visual de um pintor, a eloquĂŞncia de um advogado, o espĂrito inventivo de um mecânico sĂŁo verdadeiros capitais e medem-se pelo preço que deve pagar, para obter os seus produtos, quem nĂŁo os possui e carece deles.
Textos sobre Camponeses de Giovanni Papini
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