Textos sobre Carne de José Luís Nunes Martins

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Textos de carne de José Luís Nunes Martins. Leia este e outros textos de José Luís Nunes Martins em Poetris.

Depois de Chorar

Não é a tristeza que nos faz chorar, mas o amor que enfrenta os vazios. As angústias e desesperos são expressões de falta.

As lágrimas que de nós brotam e caem longe do olhar dos outros são as que mais força trazem em si, as que fazem concreto e objetivo o sentir mais íntimo.

Por vezes, o coração cai nas armadilhas das tristezas antigas… outras, sentimos os espinhos das novas adversidades cravarem-se-nos na carne. Há sempre tristezas, há sempre sofrimento, haverá sempre dor enquanto houver amor.
As lágrimas não choradas não deixam de ser amargas, mas essas, ao contrário das que nascem, corroem o interior de quem com elas não chega a regar a terra que lhe segura os pés.

A vida faz-se também com as nossas lágrimas e vence-se, muitas vezes, de olhos carregados de mar. O esforço que nos é exigido chega quase a ser impossível sem lágrimas. Chorar não é sinal de derrota, antes sim de um amor que busca a paz merecida.

O sentido da vida cabe dentro de uma gota de água salgada… a verdadeira paixĂŁo Ă© a dor máxima do amor mais profundo. Aquele que faz germinar em nĂłs o melhor…

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As Obras e os Mistérios do Amor

Quem ama não sente o amor no seu coração. Vive no coração do amor. O amor que nos oferece os sonhos mais belos e nos faz voar, é o mesmo que nos crava os espinhos mais duros na carne e se faz mar nas nossas lágrimas.

O amor faz o que quer, onde e quando alguém o aceita. Não tem outras mãos ou olhos senão os nossos. A força do amor é aquela de que nós formos capazes. Por isso, amar é, antes de tudo, aceitar.

Há quem entregue a sua vida por amor. Quem se abandone a si mesmo, deixando para trás aquilo que outros julgam ser o seu maior tesouro… A vida é para amar, quem não ama, apenas sobrevive.
Há quem morra por amor. Mas esta vida Ă© apenas um pedaço de outra, maior, que sĂł Ă© vivida pelos que tiverem a coragem imprudente de ser luz e calor na vida de alguĂ©m, aceitando-o como Ă©… e como quer ser. Sem o julgar. Respeitando sempre os seus espaços e os seus tempos, o seu passado e o seu futuro. Amar Ă© corrigir e ajudar quem se ama a ser melhor, mas nĂŁo o obrigando aos nossos pensamentos e sentimentos,

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Todos Erramos

Apontamos quase sempre o dedo a quem erra… Condenamos os outros com enorme facilidade. Compreendemo-los pouco, perdoamo-los ainda menos. Mas, será que atirar pedras Ă© o mais justo, eficaz e melhor?

Temos uma necessidade quase primária de julgar o comportamento alheio, de o analisar e avaliar ao mais Ă­nfimo detalhe, sempre de um ponto de vista superior, como se o sentido da nossa existĂŞncia, a nossa missĂŁo, passasse por sentenciar todos quantos cruzam a sua vida com a nossa… condenando-os… na firme convicção de que assim estamos a ajudar… a melhorar.

Comete erro em cima de erro quem se dedica a julgar os erros dos outros…

Julgamos de forma absoluta, na maior parte das vezes, generalizando um gesto ou dois, achando que cada pequena ação revela tudo quanto há a saber sobre determinada pessoa… mais, achamos que cada homem ou Ă© bom ou Ă© mau… como se nĂŁo fossemos todos… de carne e osso… de luz e sombras.
Já a nĂłs nĂŁo nos julgamos nem nos deixamos julgar. Consideramos que, no caso especĂ­fico da nossa vida, sĂŁo tantos os factores que tĂŞm de se levar em conta (quase todos atenuantes) que se torna impossĂ­vel qualquer tipo de veredicto…

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O Amor nĂŁo se Promete

Há uma distância fundamental entre as palavras e os gestos de cada homem. As palavras prometem mundos, os gestos constroem-nos. As palavras esclarecem pouco, os gestos definem quase tudo.

O amor Ă© um projeto, uma construção que necessita de ser realizada a cada dia. Sem grandes discursos. Qualquer hora Ă© tempo de amar. Se o amor Ă© verdadeiro, nĂŁo há tempos de descanso, porque o silĂŞncio no coração dos que buscam lutar contra as trevas dos egoĂ­smos Ă© a paz mais profunda e o maior descanso… ainda que se cravem espinhos na carne, ainda que nĂŁo sarem as feridas antigas, ainda que a esperança tenha pouco mais onde se apoiar do que nela prĂłpria.

Cada um de nĂłs Ă© aquilo que for capaz de ir construindo de firme e duradouro a cada dia por entre todas as tempestades da vida.
Há muito quem sonhe e passe o tempo a desejar o que nĂŁo Ă©… esperam e desesperam por algo que lhes há de chegar de fora… rejeitando quase tudo quanto sĂŁo, quando, na verdade, Ă© com o que temos e somos que devemos ser felizes, por pouco e por pior que seja… somos nĂłs. Mas nĂłs nĂŁo somos quem somos sĂł para nĂłs mesmos.

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