Caminho da ManhĂŁ
Vais pela estrada que Ă© de terra amarela e quase sem nenhuma sombra. As cigarras cantarĂŁo o silĂŞncio de bronze. Ă€ tua direita irá primeiro um muro caiado que desenha a curva da estrada. Depois encontrarás as figueiras transparentes e enroladas; mas os seus ramos nĂŁo dĂŁo nenhuma sombra. E assim irás sempre em frente com a pesada mĂŁo do Sol pousada nos teus ombros, mas conduzida por uma luz levĂssima e fresca. AtĂ© chegares Ă s muralhas antigas da cidade que estĂŁo em ruĂnas. Passa debaixo da porta e vai pelas pequenas ruas estreitas, direitas e brancas, atĂ© encontrares em frente do mar uma grande praça quadrada e clara que tem no centro uma estátua. Segue entre as casas e o mar atĂ© ao mercado que fica depois de uma alta parede amarela. AĂ deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visĂvel se vĂŞ atĂ© ao fim. E olha bem o branco, o puro branco, o branco da cal onde a luz cai a direito. TambĂ©m ali entre a cidade e a água nĂŁo encontrarás nenhuma sombra; abriga-te por isso no sopro corrido e fresco do mar. Entra no mercado e vira Ă tua direita e ao terceiro homem que encontrares em frente da terceira banca de pedra compra peixes.
Textos sobre Cestos de Sophia de Mello Breyner Andresen
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