O Homem NĂŁo Ă© o IndivĂduo
«NĂŁo Ă© a arranhar interminavelmente o indivĂduo que acabamos por encontrar o homem» â diz alguĂ©m em certo livro do Malraux. Nada, de facto, mais Ăștil que a separação dos dois conceitos, que tanto tendem a confundir-se, mormente hoje, em que tal confusĂŁo parece agravar-se. Com efeito, o «homem» nĂŁo Ă© o «indivĂduo», porque Ă© sĂł do indivĂduo aquela parte que pode universalizar-se. E Ă© desta ideia que temos de partir para que um equĂvoco se nĂŁo consuma, o equĂvoco de um individualismo, de um pessoalismo restrito que a arte e o pensamento modernos parecem Ă primeira vista aceitar.
Que estranho «eu» Ă© pois este que de algum modo dir-se-ia predominar na filosofia e na literatura de hoje? Porque Ă© evidente que uma forte tendĂȘncia da arte de hoje, do homem actual, apela para a comunicabilidade, para uma fraternidade, e nĂŁo para um estĂ©ril isolamento. Mas acontece que nesse apelo muitas vezes se esquece o que hĂĄ aĂ de mecĂąnico, de superficial, de relaçÔes externas, imediatas, provisĂłrias, que nos nĂŁo satisfaz inteiramente. O homem que aĂ fala Ă© o que se ensurdece a si prĂłprio, Ă s suas vozes profundas, aos avisos que se anunciam desde o limiar da solidĂŁo.
Textos sobre ConfusĂŁo de VergĂlio Ferreira
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