O Regulador do Prazer e da Dor: o Hábito
O hábito Ă© o grande regulador da sensibilidade; ele determina a continuidade dos nossos atos, embota o prazer e a dor e nos familiariza com as fadigas e com os mais penosos esforços. O mineiro habitua-se tĂŁo bem Ă sua dura existĂŞncia que dela se recorda saudoso quando a idade o obriga a abandoná-la e o condena a viver ao sol. O hábito, regulador da vida habitual, Ă© tambĂ©m o verdadeiro sustentáculo da vida social. Pode-se compará-lo Ă inĂ©rcia, que se opõe, em mecânica, Ă s variações de movimento. A dificuldade para um povo consiste, primeiramente, em criar hábitos sociais, depois em nĂŁo permanecer muito tempo neles. Quando o jugo dos hábitos pesou muito tempo num povo, ele sĂł se liberta desse jugo por meio de revoluções violentas. O repouso na adaptação, que o hábito consiste, nĂŁo se deve prolongar. Povos envelhecidos, civilizações adiantadas, indivĂduos idosos tendem a sofrer demasiado o jugo do costume, isto Ă©, do hábito.
Seria inútil dissertar longamente sobre o seu papel, que mereceu a atenção de todos os filósofos e se tornou um dogma da sabedoria popular.
“Que sĂŁo os nossos princĂpios naturais”, diz Pascal, “senĂŁo os nossos princĂpios acostumados. E nas crianças,
Textos sobre Continuidade de Gustave Le Bon
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