A Morte que Trazemos no Coração
É no coração que morremos. É aà que a morte habita.
Nem sempre nos damos conta que a carregamos connosco, mas, desde que somos vida, ela segue-nos de perto. Enquanto nĂŁo somos tomados pela nossa, vamos assistindo e sentindo, em ritmo crescente ao longo da vida, Ă s mortes de quem nos Ă© querido. A morte de um amigo Ă© como uma amputação: perdemos uma parte de nĂłs; uma fonte de amor; alguĂ©m que dava sentido Ă nossa existĂŞncia… porque despertava o amor em nĂłs.
Mas nĂŁo há sabedoria alguma, cultura ou religiĂŁo, que nĂŁo parta do princĂpio de que a realidade Ă© composta por dois mundos: um, a que temos acesso direto e, outro, que nĂŁo passa pelos sentidos, a ele se chega atravĂ©s do coração. Contudo, o visĂvel e o invisĂvel misturam-se de forma misteriosa, ao ponto de se confundirem e, como alguns chegam a compreender, nĂŁo serem já dois mundos, mas um sĂł.
Só as pessoas que amamos morrem. Só a sua morte é absoluta separação. Os estranhos, com vidas com as quais não nos cruzamos, não morrem, porque, para nós, de facto, não chegam sequer a ser.Só as pessoas que amamos não morrem.
Textos sobre Crescentes de JosĂ© LuĂs Nunes Martins
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