Escolher a Felicidade
Nem paz nem felicidade se recebem dos outros nem aos outros se dĂŁo. Está-se aqui tĂŁo sozinho como no nascer e no morrer; como de um modo geral no viver, em que a Ăşnica companhia possĂvel Ă© a daquele Deus a um tempo imanente e transcendente e a dos que neles estĂŁo, a de seus santos. Felicidade ou paz nĂłs as construĂmos ou destruĂmos: aqui o nosso livre-arbĂtrio supera a fatalidade do mundo fĂsico e do mundo do proceder e toda a experiĂŞncia que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podemos transformar em positiva. Para o fazermos, se exige pouco, mas um pouco que Ă© na realidade extremamente difĂcil e que nĂŁo atingiremos nunca por nossas prĂłprias forças: exige-se de nĂłs, primacialmente, a humildade; a gratidĂŁo pelo que vem, como a de um ginasta pelo seu aparelho de exercĂcio; a firmeza e a serenidade do capitĂŁo de navio em sua ponte, sabendo que o ata ao leme nĂŁo a vontade de um rei, como nos Descobrimentos, mas a vontade de um rei de reis, revelada num servidor de servidores; finalmente, o entregar-se como uma criança a quem sabe o caminho. De qualquer forma, no fundo de tudo, o que há Ă© um acto de decisĂŁo individual,
Textos sobre Decisões de Agostinho da Silva
2 resultadosA Verdadeira Coragem Humana
Se estás disposto a nunca usar da violĂŞncia, e sempre resistindo, torna-te forte de corpo e de alma; Ă© a mais difĂcil de todas as atitudes; exige a constante vigilância de todos os movimentos do espĂrito, o domĂnio completo de todos os impulsos dos nervos e dos mĂşsculos rebeldes; a agressĂŁo Ă© fácil contra o medo e tambĂ©m a primeira solução; para que, em todos os instantes, a possas pĂ´r de lado e substituĂ-la pela tranquila recusa, nĂŁo te deves fiar nos improvisos; a armadura de que te revestes nos momentos de crise Ă© forjada dia a dia e antes deles; faz-se de meditação e de ginástica, de pensamento definido e preciso e de perfeitos comandos; quando menos se prevĂŞ surge o instante da decisĂŁo; rápida e firme, sem emoções ou sufocando-as, tem que trabalhar a máquina formada.
Que trabalhar, sobretudo, humanamente; a visĂŁo do autĂłmato Ă© a pior de todas para os amigos do espĂrito; nĂŁo serĂŁo teus elementos nem a secura, nem a estĂłica dureza, nem o ar superior, nem as cortantes palavras; requere-se no inabalável a humanidade, o sorriso afectuoso, a Ăntima bondade, a desportiva calma, amiga do adversário, de quem joga um bom jogo; sozinho guardarás as lutas interiores que tens de suportar,