Insultar Ă© uma Honra
Assim como ser insultado Ă© uma vergonha, insultar Ă© uma honra. Por exemplo, mesmo que a verdade, o direito e a razĂŁo estejam do lado do meu adversĂĄrio, nĂŁo deixo de insultĂĄ-lo; desse modo, todas as suas qualidades passam a ser desconsideradas, e o direito e a honra passam a estar do meu lado. Ele, pelo contrĂĄrio, perdeu provisoriamente a sua honra – atĂ© conseguir restabelecĂȘ-la, nĂŁo mediante direito e razĂŁo, mas por tiros e estocadas. Logo, a rudeza Ă© uma qualidade que, no ponto de honra, substitui ou se sobrepĂ”e sobre as outras. O mais rude tem sempre razĂŁo: para quĂȘ tantas palavras? Qualquer estupidez, insolĂȘncia, maldade que alguĂ©m possa ter feito, uma rudeza retira-lhes essa caracterĂstica e elas sĂŁo de imediato legitimadas. Se, numa discussĂŁo ou conversa, outro indivĂduo mostra conhecimento mais correcto do assunto, um amor mais austero Ă verdade, um juĂzo mais saudĂĄvel, mais entendimento que nĂłs, ou se em geral exibe mĂ©ritos intelectuais que nos deixam na sombra, entĂŁo podemos de imediato suprimir semelhantes superioridades e a nossa prĂłpria mesquinhez por elas revelada e sermos, por nosso turno, superiores, tornando-nos ofensivos e rudes.
Pois uma rudeza derrota todo o argumento e eclipsa qualquer espĂrito;
Textos sobre Derrota de Arthur Schopenhauer
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