Deixemos a Humanidade Ă Sua Ordem Natural
Não aleijemos a pobre humanidade mais do que ela já está com tantas sacudidelas da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, de cima para baixo e de baixo para cima. Do individualismo para o colectivismo e do colectivismo para o individualismo. Não sejamos tão crianças que queiramos levantar ao ar a esfera pretendendo agarrá-la apenas pelo hemisfério da direita ou apenas pelo da esquerda, ou apenas pelo hemisfério superior, porque a única maneira de agarrá-la bem tão-pouco é pôr-lhe as mãos por baixo, nem ainda abraçando-a com os dois braços e os dedos metidos uns nos outros para não deixar escapar as mãos e com o próprio peito do lado de cá a ajudar também; a única maneira de equilibrar a esfera no ar é deixá-la estar no ar como a pôs Deus Nosso Senhor, ás voltas à roda do sol, como a lua à roda de nós e assegurada contra todos os riscos dos disparates da humanidade.
Textos sobre Dois de Almada Negreiros
2 resultadosO Individual como Base do Colectivo
Tudo quanto é apenas colectivo é desordem. A ordem vem da composição individual. Mas a composição individual para formar em si a ordem necessita de que esta também se projecte no colectivo.
A expressĂŁo do colectivo Ă© o pânico. O terror sĂł se submete pelo terror. O pânico tem duas expressões de terror: a centrĂfuga e a centrĂpeta. A expressĂŁo que se desfaz a si mesma e a que permanece estática e se adentra.A Ăşnica maneira de aparentar a ordem no colectivo Ă© manejar o pânico. Mas como todo o estado psĂquico, por mais inteiro que se apresente tende a suavizar-se se era violento e a tornar-se violento se era suave, Ă© necessário para manter o estado de pânico, que se lhe estabeleçam tantas modalidades diferentes e sucessivas que consigam realmente fazer desviar as atenções da sua insistĂŞncia. PorĂ©m, este processo nĂŁo tem fim. É o processo da mĂstica colectiva. Filha do desespero individual, a mĂstica colectiva nĂŁo faz alterar a realidade mas consegue temporáriamente submeter todos os indivĂduos Ă s mesmas circunstâncias. E atĂ© que se formem as novas Ă©lites as mĂsticas colectivas sĂŁo espera.
Ao vermos os grandes exércitos, reluzentes nas paradas ou disfarçados com a própria cor da terra das batalhas,