O Segredo de Salvar-me Pelo Amor
Quem há aà que possa o cálix
De meus lábios apartar?
Quem, nesta vida de penas,
Poderá mudar as cenas
Que ninguém pôde mudar ?Quem possui na alma o segredo
De salvar-me pelo amor?
Quem me dará gota de água
Nesta angustiosa frágua
De um deserto abrasador?Se alguém existe na terra
Que tanto possa, Ă©s tu sĂł!
Tu sĂł, mulher, que eu adoro,
Quando a Deus piedade imploro,
E a ti peço amor e dó.Se soubesses que tristeza
Enluta meu coração,
Terias nobre vaidade
Em me dar felicidade,
Que eu busquei no mundo em vĂŁo.Busquei-a em tudo na terra,
Tudo na terra mentiu!
Essa estrela carinhosa
Que luz à infância ditosa
Para mim nunca luziu.Infeliz desde criança
Nem me foi risonha a fé;
Quando a terra nos maltrata,
Caprichosa, acerba e ingrata,
Céu e esperança nada é.Pois a ventura busquei-a
No vivo anseio do amor,
Era ardente a minha alma;
Conquistei mais de uma palma
Ă€ custa de muita dor.
Textos sobre Dormentes
2 resultadosEu Sou Nostálgica Demais
De sĂşbito a estranheza. Estranho-me como se uma câmera de cinema estivesse filmando meus passos e parasse de sĂşbito, deixando-me imĂłvel no meio de um gesto: presa em flagrante. Eu? Eu sou aquela que sou eu? Mas isto Ă© um doido faltar de sentido! Parte de mim Ă© mecânica e automática — Ă© neurovegetativa, Ă© o equilĂbrio entre nĂŁo querer e o querer, do nĂŁo poder e de poder, tudo isso deslizando em plena rotina do mecanicismo. A câmera fotográfica singularizou o instante. E eis que automaticamente saĂ de mim para me captar tonta de meu enigma, diante de mim, que Ă© insĂłlito e estarrecedor por ser extremamente verdadeiro, profundamente vida nua amalgamada na minha identidade. E esse encontro da vida com a minha identidade forma um minĂşsculo diamante inquebrável e radioso indivisĂvel, um Ăşnico átomo e eu toda sinto o corpo dormente como quando se fica muito tempo na mesma posição e a perna de repente fica «esquecida».
Eu sou nostálgica demais, pareço ter perdido uma coisa não se sabe onde e quando.