Textos sobre Dúvida de Eugène Delacroix

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Textos de dúvida de Eugène Delacroix. Leia este e outros textos de Eugène Delacroix em Poetris.

O Constante Desejo de Mudança Cega o Progresso

Penso, baseando-me em todos os dados que de há um ano para cá nos saltam aos olhos, que se pode afirmar que qualquer progresso deve acarretar necessariamente nĂŁo um avanço ainda maior mas, ao fim e ao cabo, a negação do progresso e o retorno ao ponto de partida. A histĂłria do gĂ©nero humano prova-o. No entanto, a confiança cega desta geração, e da que a precedeu, nas ideias modernas, no advento de nĂŁo sei que era da humanidade que deveria marcar uma profunda transformação – mas que, no meu entender, para influenciar o destino de cada um deveria antes de mais afectá-lo na prĂłpria natureza do homem -, esta confiança no futuro, que nada nos sĂ©culos que nos precederam justifica, constitui seguramente a Ăşnica garantia desses bens futuros, dessas revoluções tĂŁo desejadas pela vontade dos homens.
NĂŁo será evidente que o progresso, ou seja a marcha progressiva das coisas – tanto para o bem como para o mal -, acabou, hoje, por conduzir a sociedade Ă  beira de um abismo, onde ela poderá facilmente vir a cair para dar lugar Ă  mais completa barbárie? E a razĂŁo disso, a Ăşnica razĂŁo para que isso suceda, nĂŁo residirá nessa lei que neste mundo impõe a todas as outras: isto Ă©,

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A Sabedoria do Homem Comum

Os ignorantes e o homem comum nĂŁo tĂŞm problemas. Para eles na Natureza tudo está como deve estar. Eles compreendem as coisas pela simples razĂŁo delas existirem. E, na realidade, nĂŁo dĂŁo eles provas de mais razĂŁo do que todos os sonhadores, que chegam a duvidar do seu prĂłprio pensamento? Morre um dos seus amigos, e como julgam saber o que Ă© a morte Ă  dor que sentem por o perderem nĂŁo acrescentam a cruel ansiedade que resulta da impossibilidade de aceitar um acontecimento tĂŁo natural… Estava vivo, e agora encontra-se morto; falava-me, o seu espĂ­rito prestava atenção ao que eu lhe dizia, mas hoje já nada disso existe: resta apenas aquele tĂşmulo – mas repousa ele nesse tĂşmulo, tĂŁo frio como a prĂłpria sepultura? Erra a sua alma em redor desse monumento? Quando eu penso nele Ă© a sua alma que vem assolar a minha memĂłria? O hábito traz-nos de novo, contudo, ao nĂ­vel do homem comum.
Quando o seu rasto se tiver apagado – nĂŁo há dĂşvidas de que ele morreu! – entĂŁo a coisa deixará de nos incomodar. Os sábios e os pensadores parecem portanto menos avançados que o homem comum, já que eles prĂłprios nĂŁo tĂŞm a certeza,

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É por ter Espírito que me Aborreço

É preciso esconjurar, da forma que nos for possĂ­vel, este diabo de vida que nĂŁo sei porque Ă© que nos foi dada e que se torna tĂŁo facilmente amarga se nĂŁo opusermos ao tĂ©dio e aos aborrecimentos uma vontade de ferro. É preciso, numa palavra, agitar este corpo e este espĂ­rito que se delapidam um ao outro na estagnação e numa indolĂŞncia que se confunde com um torpor. É preciso passar, necessariamente, do descanso ao trabalho – e reciprocamente: sĂł assim estes parecerĂŁo, ao mesmo tempo, agradáveis e salutares. Um desgraçado que trabalhe sem cessar, sob o peso de tarefas inadiáveis, deve ser, sem dĂşvida, extremamente infeliz, mas um indivĂ­duo que nĂŁo faça mais do que divertir-se nĂŁo encontrará nas suas distracções nem prazer nem tranquilidade; sente que luta contra o tĂ©dio e que este o prende pelos cabelos – como se fosse um fantasma que se colocasse sempre por detrás de cada distracção e espreitasse por cima do nosso ombro.
Não julgue, cara amiga, que eu só porque trabalho regularmente estou isento das investidas deste terrível inimigo; penso que, quando se tem uma certa disposição de espírito, é preciso termos uma imensa energia de forma a não nos deixarmos absorver e conseguir escapar,

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