Imparcialidade Inconsciente do Crítico
Quando um crítico deve julgar uma obra pode escolher dois métodos. Ou limitar-se a essa única obra do autor e abstrair das outras; – ou integrar no seu juízo toda a produção do autor. Mas na maior parte das vezes ele emprega um outro método que lhe deveria ser sempre interdito – consiste em integrar no quadro das suas considerações, paralelamente à obra submetida a crítica, outras obras de acordo com o humor da sua escolha, deixando arbitrariamente de lado as outras que, de momento, não servem o objectivo que persegue ou o efeito que pretende obter, outrogando-se assim o direito de fragmentar o autor a seu belo prazer.
Quantas vezes acontece – e não é necessariamente por má vontade – que o crítico projecta na obra de um autor a sua ideia fixa, sem ser já capaz de aí ver outra coisa a não ser essa ideia, que o obceca de modo monomaníaco; – enquanto que para o autor ela é na sua obra apenas um elemento entre dezenas e não necessariamente o mais importante.
Atribui-se ao artista uma intenção artística, ética ou outra que ele nunca teve e critica-se-lhe o facto de não ter atingido aquilo que ele queria.
Textos sobre Escolhas de Arthur Schnitzler
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