É o Hábito Que Nos Persuade
É preciso nĂŁo nos conhecermos mal: somos autĂłmato, tanto quanto espĂrito, donde resulta que o instrumento pelo qual se faz a persuasĂŁo nĂŁo Ă© unicamente a demonstração. QuĂŁo poucas sĂŁo as coisas demonstradas! As provas nĂŁo convencem senĂŁo o espĂrito. O hábito dá-nos provas mais fortes e mais crĂveis; inclina o autĂłmato, que arrasta o espĂrito, sem que ele o saiba. Quem demonstrou que amanhĂŁ será dia, e que morremos? E que existirá de mais crĂvel? É, portanto, o hábito que nos persuade; Ă© ele que faz tantos cristĂŁos, que faz os maometanos, os pagĂŁos, os artesĂŁos, os soldados, etc.
Enfim, Ă© preciso recorrer a ele depois de o espĂrito ter visto onde está a verdade, para nos dessedentar e nos impregnar dessa crença que nos escapa a todo o momento; pois ter as provas sempre presentes Ă© por demais penoso. É mister adquirir uma crença mais fácil – a do hábito -, que, sem violĂŞncia, sem artifĂcio, sem argumento, nos faz crer nas coisas e predispõe todas as nossas faculdades para essa crença, de sorte que a nossa alma nela mergulhe naturalmente.NĂŁo basta crer pela força da convicção, quando o autĂłmato está predisposto a crer o contrário. É preciso fazer com que as nossas duas partes creiam: o espĂrito,
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