Felicidade Aparente
Ao reflectir sobre a frescura das recordações, sobre a cor encantada de que elas se revestem num passado longĂnquo, nĂŁo pude deixar de admirar esse trabalho involuntário da alma que separa e suprime na recordação desses momentos agradáveis tudo o que poderia diminuir o encanto do momento entĂŁo vivido.
(…) Poderá uma pessoa afirmar ter sido feliz num determinado momento da sua vida, que lhe parece encantador retrospectivamente? O prĂłprio facto de o recordar ao dar-se conta da felicidade que entĂŁo deve ter sentido deve satisfazĂŞ-lo. Mas ter-se-ia sentido efectivamente feliz nesse instante de pretensa felicidade?
Pode-se compara essa pessoa com um indivĂduo que possuĂsse uma parcela de terra em que estivesse escondido um tesouro, do qual ele, contudo, nĂŁo teria conhecimento. Poder-se-Ă considerar «rico» esse homem? Do mesmo modo nĂŁo considero feliz aquele que o Ă© sem se aperceber disso, ou sem saber a que ponto monta a sua felicidade.
Textos sobre Felizes de Eugène Delacroix
3 resultadosO EquilĂbrio na Maturidade
Recordo-me que outrora, quando tinha essa idade que se diz ser a idade do entusiasmo e da força da imaginação, como me faltava a experiĂŞncia para tornar mais fortes essas belas qualidades, interrompia frequentemente o meu trabalho, que muitas vezes me desagradava. Apoisção em que a idade nos coloca Ă© uma ironia da natureza. Quando chegamos Ă total maturidade, temos uma imaginação mais fesca e viva do que nunca e sobretudo sossegaram as loucas e impetuosas paixões que a idade arrasta consigo, mas faltam-nos já as forças e temos os sentidos gastos – estes pedem mais o descanso do que a agitação. E, no entanto, apesar de todas estas agruras, como Ă© grande a consolação que nos Ă© comunicada pelo trabalho! Como me sinto feliz por nĂŁo ter de ser feliz como tanto o desejava no passado! De que selvática tirania afinal nĂŁo me acabou por libertar o enfraquecimento do corpo?!
Então, a pintura era o que menos me preocupava. Temos de nos adaptar às nossas forças: se a partir de certa altura a natureza se recusa a trabalhar, não a devemos violentar mas contentarmo-nos com o que ela nos dá; não nos deixarmos dominar pela sede de elogios,
O Progresso do Homem Feliz
O homem feliz Ă© aquele que conquistou a felicidade ou o momento da felicidade que sente presentemente. O tĂŁo afamado progresso tende a suprimir o esforço que medeia entre o desejo e a sua realização – e acaba por tornar o homem, na verdade, ainda mais infeliz. O homem habitua-se… graças a esta perspectiva de uma felicidade fácil de conseguir supressĂŁo da distância e do trabalho, em tudo.