A Embriaguez dos Progressos TĂ©cnicos
Parece-me que confundem fim e meio os que se assustam em demasia com os nossos progressos tĂ©cnicos. Quem luta com a Ășnica esperança de recolher bens materiais, efectivamente nĂŁo recolhe nada que valha a pena viver. A mĂĄquina nĂŁo Ă© um fim, Ă© uma ferramenta como a charrua. Se acreditamos que a mĂĄquina destrĂłi o homem, Ă© que talvez careçamos de algum recuo para julgarmos os efeitos de transformaçÔes tĂŁo rĂĄpidas como as que sofremos.
Textos sobre Fim de Antoine de Saint-Exupéry
3 resultadosO Homem ao Serviço dos Objectos
ProĂbo aos comerciantes que gabem de mais as mercadorias. Eles tĂȘm tendĂȘncia a tornar-se pedagogos e mostram-te como fim aquilo que por essĂȘncia nĂŁo passa de um meio. Depois de assim te enganarem sobre o caminho a seguir, pouco falta para te perverterem. Se a mĂșsica deles Ă© vulgar, para ta vender, nĂŁo hesitarĂŁo em te fabricar uma alma vulgar. Ora, se Ă© bom que se alicercem os objectos para servir os homens, seria monstruoso que se exigissem alicerces aos homens para servir de caixote do lixo aos objectos.
De que Serve Discutir as Ideologias?
Para compreendermos o homem e as suas necessidades, para o conhecermos naquilo que ele tem de essencial, nĂŁo precisamos de pĂŽr em confronto as evidĂȘncias das nossas verdades. Sim, tĂȘm razĂŁo. TĂȘm todos razĂŁo. A lĂłgica demonstra tudo. Tem razĂŁo aquele que rejeita que todas as desgraças do mundo recaiam sobre os corcundas. Se declararmos guerra aos corcundas, aprenderemos rapidamente a exaltar-nos. Vingaremos os crimes dos corcundas. E, sem dĂșvida, tambĂ©m os corcundas cometem crimes.
A fim de tentarmos separar este essencial, é necessårio esquecermos por um instante as divisÔes que, uma vez admitidas, implicam todo um Corão de verdades inabalåveis e o inerente fanatismo. Podemos classificar os homens em homens de direita e em homens de esquerda, em corcundas e não corcundas, em fascistas e em democratas, e estas distinçÔes são inconteståveis.
Mas sabem que a verdade Ă© aquilo que simplifica o mundo, e nĂŁo aquilo que cria o caos. A verdade Ă© a linguagem que desencadeia o universal.
Newton não «descobriu» uma lei hå muito disfarçada de solução de enigma, Newton efectuou uma operação criativa. Instituiu uma linguagem de homem capaz de exprimir simultaneamente a queda da maçã num prado ou a ascensão do sol.