O Ă‚mago da Virtude
Haverá filĂłsofos que pretendem induzir-nos a dar grande valor Ă prudĂŞncia, a praticarmos a virtude da coragem, a nos aplicarmos Ă justiça — se for possĂvel — com maior empenho ainda do que Ă s restantes virtudes. Pois bem: de nada servirĂŁo estes conselhos se nĂłs ignorarmos o que Ă© a virtude, se ela Ă© una ou mĂşltipla, se as virtudes sĂŁo individualizadas ou interdependentes, se quem possui uma virtude possui tambĂ©m as restantes ou nĂŁo, qual a diferença que existe entre elas. Um operário nĂŁo precisa de investigar qual a origem ou a utilidade do seu trabalho, tal como o bailarino o nĂŁo tem que fazer quanto Ă arte da dança: os conhecimentos relativos a todas estas artes estĂŁo circunscritos a elas mesmas, porquanto elas nĂŁo tĂŞm incidĂŞncia sobre a totalidade da vida. A virtude, porĂ©m, implica tanto o conhecimento dela prĂłpria como o de tudo o mais; para aprendermos a virtude temos de começar por aprender o que ela Ă©. Uma acção nĂŁo pode ser correcta se nĂŁo for correcta a vontade, pois Ă© desta que provĂ©m a acção. TambĂ©m a vontade nunca será correcta se nĂŁo for correcto o carácter, porquanto Ă© deste que provĂ©m a vontade. Finalmente,
Textos sobre FĂsica de SĂ©neca
3 resultadosControlar a Ansiedade
Quando receamos algum mal, o prĂłprio facto de o recearmos atormenta-nos enquanto o aguardamos: teme-se vir a sofrer alguma coisa e sofre-se com o medo que se sente! Tal como nas doenças fĂsicas há certos sintomas que pressagiam a molĂ©stia – incapacidade de movimento, lassidĂŁo completa mesmo quando se nĂŁo faz nenhum esforço, sonolĂŞncia, calafrios por todo o corpo -, tambĂ©m um espĂrito dĂ©bil se sente abalado, mesmo antes de qualquer mal se abater sobre ele: como que adivinha o mal futuro, e deixa-se vencer antes do tempo. Há coisa mais insensata do que nos angustiarmos com o futuro em vez de deixarmos chegar a hora da aflição, e atrairmos sobre nĂłs todo um cĂşmulo de tormentos? Quando nĂŁo Ă© possĂvel livrarmo-nos por completo da angĂşstia, pelo menos adiemo-la tanto quanto pudermos. Queres ver como Ă© verdade que ninguĂ©m deve atormentar-se com o futuro?
Imagina um homem a quem tenha sido dito que depois dos cinquenta anos será submetido a graves suplĂcios: ele permanece imperturbável enquanto nĂŁo passa a metade desse espaço de tempo, altura em que começa a aproximar-se da angĂşstia prometida para a segunda metade da sua vida. Por um processo semelhante sucede tambĂ©m que certos espĂritos doentes sempre em busca de motivos para sofrer se deixam tomar de tristeza por factos já remotos e esquecidos.
As Canseiras Destinam-se a Satisfazer os Luxos
Nos dias de hoje, quem consideras tu como sábio? O tĂ©cnico que sabe montar repuxos de água perfumada atravĂ©s de canalizações invisĂveis, o que Ă© capaz de encher ou esvaziar num instante os canais artificiais, o que sabe dar diversas disposições aos caixotões mĂłveis do tecto de modo a que o salĂŁo de banquetes vá mudando de decoração Ă medida que vĂŁo surgindo os vários pratos? Ou antes aquele que demonstra, a si mesmo e aos outros, que a natureza nos nĂŁo impõe nada que seja duro e difĂcil, que para termos uma casa nĂŁo carecemos de marmoristas ou de marceneiros, que para nos vestirmos nĂŁo dependemos do comĂ©rcio da seda, em suma, que para dispormos do essencial Ă vida quotidiana nos basta aquilo que a terra nos apresenta Ă superfĂcie? Se a humanidade se dispusesse a seguir os conselhos de um tal homem imediatamente perceberia que tĂŁo inĂştil Ă© o cozinheiro como o soldado!
Os antigos, esses homens que satisfaziam sem quaisquer excessos as suas necessidades fĂsicas, eram de facto sábios, ou pelo menos muito prĂłximo de o serem. Para se obter o indispensável nĂŁo Ă© preciso muito esforço; as canseiras destinam-se a satisfazer os luxos. Tu podes dispensar todos os tĂ©cnicos: basta que sigas a natureza!