Uma Mulher sem Areia Nenhuma
Tenho o santo horror da frieza calculada, da boa educação, do prudente juĂzo duma mulher. Aos homens pertence tudo isso, e a mulher deve ser muito feminina, muito espontânea, muito cheia de pequeninos nadas que encantem e que embalem. Meu amigo, se esperas ter uma mulher sem areia nenhuma, morres de aborrecimento e de frio ao pĂ© dela e nĂŁo será com certeza ao pĂ© de mim… Comigo hás-de ter sempre que pensar e que fazer. Hás-de rir das minhas tolices, hás-de ralhar quando elas passarem a disparates (hĂŁo-de ser pequeninos…) e hás-de gostar mais de mim assim, do que se eu fosse a prĂłpria deusa Minerva com todo o juĂzo que todos os deuses lhe deram.
Textos sobre Frieza de Florbela Espanca
2 resultadosAmar Intensamente
De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguĂ©m, quando a felicidade Ă© tĂŁo simples! Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensĂveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais. Ela nĂŁo seria exigente, eu sou-o muitĂssimo. Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver. Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele. Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe. A nĂŁo ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades. Eu tenho já feito sofrer tanto! Tenho sido tĂŁo má! Tenho feito mal sem me importar porque quando nĂŁo gosto, sou como as estátuas que sĂŁo de mármore e nĂŁo sentem.