O Inimigo Ă© Mais Ăštil que o Amigo
A tua atitude emerge do que costumas dizer: «Ainda sou capaz de utilizar quem é por mim. Mas prefiro, por comodidade, mandar o meu adversário para o outro campo e abster-me de agir sobre ele, a não ser pela guerra».
Ao proceder assim, não fazes mais que endurecer e forjar o teu adversário.
E eu cá digo que amigo e inimigo sĂŁo palavras da tua lavra. É certo que especificam qualquer coisa, como definir o que se passará se vos encontrardes num campo de batalha, mas um homem nĂŁo se rege sĂł por uma palavra. Sei de inimigos que estĂŁo mais perto de mim ou que me sĂŁo mais Ăşteis ou que me respeitam mais do que os amigos. As minhas faculdades de acção sobre o homem nĂŁo estĂŁo ligadas Ă sua posição verbal. Direi mesmo que actuo melhor sobre o meu inimigo do que sobre o amigo: quem caminha na mesma direcção que eu, oferece-me menos oportunidades de encontro e de troca do que aquele que vem contra mim, disposto a nĂŁo deixar escapar a mĂnima palavra ou gestos meus, que lhe podem sair caros.
Textos sobre Gesto de Antoine de Saint-Exupéry
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Liberta o Homem, e Ele Criará
Eu hei-de esculpir o futuro ao jeito do criador que extrai a obra de mármore a golpes de cinzel. E caem uma a uma as escamas que escondiam o rosto do deus. E os outros dirĂŁo: Este mármore continha este deus. Ele o que fez foi encontrá-lo. E o gesto dele nĂŁo passava de um meio. Mas eu cá digo que ele nĂŁo calculava, ele forjava a pedra. O sorriso do rosto está muito longe de ser feito de suor, de faĂscas, de golpes de cinzel e de mármore. O sorriso nĂŁo Ă© da pedra, mas sim do criador. Liberta o homem, e ele criará.