Uma Revolução a Partir de Cima
Considerando que as coisas aqui nĂŁo iam bem, e vendo os exemplos de toda a Europa, onde nĂŁo vĂŁo melhor, decidi fazer uma revolução completa em todos os procedimentos do governo daqui, uma revolução a partir de cima, fazendo um governo de liberdade e de honestidade, com ideias bem modernas, para que um dia nĂŁo me façam uma revolução vinda de baixo, que seria certamente a ruĂna do meu paĂs. (…) AtĂ© ao momento, tenho tido sucesso, e tudo vai bem, atĂ© melhor do que eu julgava possĂvel. Mas para isso, preciso de estar constantemente na «passerelle» e nĂŁo posso abandonar o comando um minuto que seja, porque conheço o meu mundo e se o espĂrito de sequĂŞncia se perdesse por falta de direcção, tudo viria imediatamente para trás, e entĂŁo seria pior do que ao princĂpio.
Textos sobre Governo
63 resultadosOs Ideais São Superiores às Crenças
Sou, simplesmente, uma pessoa com algumas ideias que lhe tĂŞm servido de razoável governo em todas as circunstâncias, boas ou más, da vida. Costuma-se dizer que o melhor partido para um crente Ă© comportar-se como se Deus estivesse sempre a olhar para ele, situação, imagino eu, que nenhum ser humano terá estofo para aguentar, ou entĂŁo Ă© porque já estará muito perto de tornar-se, ele prĂłprio, Deus. De todo o modo, e aproveitando o sĂmile, o que eu tenho feito Ă© imaginar que essas tais ideias minhas, estando dentro de mim como devem, tambĂ©m estĂŁo fora — e me observam. E realmente nĂŁo sei o que será mais duro: se prestar contas a Deus, por intermĂ©dio dos seus representantes, ou Ă s ideias, que os nĂŁo tĂŞm. Segundo consta, Deus perdoa tudo — o que Ă© uma excelente perspectiva para os que nele acreditem. As ideias, essas, nĂŁo perdoam. Ou vivemos nĂłs com elas, ou elas viverĂŁo contra nĂłs — se nĂŁo as respeitámos.
A Inevitabilidade das Revoluções
As revoluções nĂŁo sĂŁo factos que se aplaudam ou que se condenem. Havia nisso o mesmo absurdo que em aplaudir ou condenar as evoluções do Sol. SĂŁo factos fatais. TĂŞm de vir. De cada vez que vĂŞm Ă© sinal de que o homem vai alcançar mais uma liberdade, mais um direito, mais uma felicidade. Decerto que os horrores da revolução sĂŁo medonhos, decerto que tudo o que Ă© vital nas sociedades, a famĂlia, o trabalho, a educação, sofrem dolorosamente com a passagem dessa trovoada humana. Mas as misĂ©rias que se sofrem com as opressões, com os maus regĂmens, com as tiranias, sĂŁo maiores ainda. As mulheres assassinadas no estado de prenhez e esmagadas com pedras, quando foi da revolução de 93, Ă© uma coisa horrĂvel; mas as mulheres, as crianças, os velhos morrendo de frio e de fome, aos milhares nas ruas, nos Invernos de 80 a 86, por culpa do Estado, e dos tributos e das finanças perdidas, e da fome e da morte da agricultura, Ă© pior ainda. As desgraças das revoluções sĂŁo dolorosas fatalidades, as desgraças dos maus governos sĂŁo dolorosas infâmias.