O Dom de Deixar Ir
É preciso aprender a viver. A qualidade da nossa existĂŞncia depende de um equilĂbrio fundamental na nossa relação com o mundo: apego e desapego. Nesta vida, a ponderação, a proporção e a subtileza sĂŁo sempre melhores que qualquer arrebatamento. Mas o essencial Ă© aprender que a existĂŞncia Ă© feita de dádivas e perdas.
Eis porque quem reza deve pedir e agradecer: tudo Ă©, na verdade, um dom. Tudo passa… importa pois prepararmo-nos para a perda, ainda que tantas vezes nĂŁo seja senĂŁo temporária… Alegrias e dores. SĂł há felicidade num coração onde habita a sabedoria e paciĂŞncia dos tempos e dos momentos, a paz de quem sabe que sĂŁo muitos os porquĂŞs e para quĂŞs que ultrapassam a capacidade humana de compreender.
Na vida, tudo se recebe e tudo se perde.
Amar Ă© um apego natural mas tambĂ©m obriga a que deixemos o outro ser quem Ă©, abrindo mĂŁo e permitindo-lhe que parta, ou que fique, sem desejar outra coisa senĂŁo que seja radicalmente livre. Aprendendo que há muito mais valor no ato de quem decide ficar do que naquele de quem sĂł está por nĂŁo poder partir.Nada verdadeiramente nos pertence. O sublime do amor está aĂ,
Textos sobre Hábitos de JosĂ© LuĂs Nunes Martins
2 resultadosSexo, Poder e Dinheiro
A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos. Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente.
O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido.
O sexo, fazendo parte da vida, nĂŁo Ă© contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo Ă© apenas uma Ănfima parte do que somos, o albergue temporário de uma interioridade composta por, tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes tambĂ©m, belezas indescritĂveis. Felizmente, o ser humano Ă© capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro atravĂ©s do seu corpo.O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como nĂŁo dá nunca o discernimento essencial Ă s escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado.
O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo,