O Medo como Orientador da Nossa Vida
Uma vez que estamos sĂłs no mundo, ou pelo menos nĂŁo tĂŁo sĂłs como gostarĂamos de estar, temos o dever de dominar as nossas explosĂ”es, de fazer com que as explosĂ”es inevitĂĄveis da nossa maldade ou da nossa bondade paradoxais vĂŁo aproximativamente no sentido do fim aproximativo. Quanto ao fim, talvez nĂŁo seja lĂĄ muito importante determinĂĄ-lo com a precisĂŁo sĂĄdica que encontramos no sistema do mundo e no destino quando ambos se associam para determinar a posição do homem no espaço e no tempo.
Devemos evidentemente batermo-nos contra os dois, e como o mais importante Ă© manter a direcção justa do fim talvez errado, Ă©-nos necessĂĄrio aguçar a nossa lucidez a fim de a tornarmos cortante como uma lĂąmina, acerada como uma seta, percuciente como uma punção. Ă graças a essa lucidez que funciona a nossa consciĂȘncia, que nĂŁo passa afinal de uma transcrição idĂlica do nosso medo, porque o medo lembra-nos infatigavelmente a direcção justa, e se sufocarmos o nosso medo, perderemos a possibilidade de nos orientarmos numa direcção determinada e daremos aqui e ali lugar a uma sĂ©rie de estĂșpidas explosĂ”es privadas, causando os piores estragos para um mĂnimo de resultados. Ă por isso que devemos conservar dentro de nĂłs o nosso medo como um porto sempre livre de gelos que nos ajude a passar o Inverno,
Textos sobre Homens de Stig Dagerman
2 resultadosA Imensa Imoralidade da ExistĂȘncia
Viver era como correr em cĂrculo num grande labirinto, esse gĂ©nero de labirinto para crianças que se vĂȘ em certos parques de jogos modernos; em cima de uma pedra no meio do labirinto hĂĄ uma pedra brilhante; os mĂudos chegam com as faces coradas, cheios de uma fĂ© inabalĂĄvel na honestidade do labirinto e começam a correr com a certeza de alcançarem dentro de pouco tempo o seu alvo. Corremos, corremos, e a vida passa, mas continuaremos a correr na convicção de que o mundo acabarĂĄ por se mostrar generoso para quem correr sem desĂŁnimo, e quando por fim descobrimos que o labirinto sĂł aparentemente tende para o ponto central, Ă© tarde demais – de facto, o construtor do labirinto esmerou-se a desenhar vĂĄrias pistas diferentes, das quais sĂł uma conduz Ă pĂ©rola, de modo que Ă© o acaso cego e nĂŁo a justiça lĂșcida o que determina a sorte dos que correm.
Descobrimos que gastĂĄmos todas as nossas forças a realizar um trabalho perfeitamente inĂștil, mas Ă© muito tarde jĂĄ para recuarmos. Por isso nĂŁo Ă© de espantar que os mais lĂșcidos saiam da pista e suprimam algumas voltas inĂșteis para atingirem o centro cortando caminho. Se dissermos que se trata de uma acção imoral e maldosa,