Preguiça Corporal e Preguiça Espiritual

Hå um trabalho servil, que é do corpo e para o corpo, embora a mente ajude, e um trabalho régio, que é da alma e para a alma, e quase ninguém exige às mãos. Hå, portanto, uma preguiça corporal e outra espiritual, uma ou outra senhora de todos.
A primeira Ă© dominada – nĂŁo destruĂ­da – pela necessidade e pelo tĂ©dio; a outra, reforçada pela arrogĂąncia, raramente Ă© vencida. Os homens sĂŁo indolentes que trabalham contra a vontade com os braços e a inteligĂȘncia para fugir ao trabalho mais difĂ­cil da alma.
As actividade imoderadas de muitos nĂŁo passam de pretextos da ociosidade espiritual. Em vez de se afadigarem para conseguir a renĂșncia dos bens materiais, sujeitam-se a um trabalho totalmente exterior que por vezes se converte, devido a inĂ©rcia ou embriaguez, em frenesim.
Mas reformar a natureza doente e transviada, abandonar a senda da concupiscĂȘncia e alcançar a liberdade serena dos filhos da luz representa um trabalho incomparavelmente mais duro do que dirigir uma empresa, fĂĄbrica ou banco. A maioria, por cĂĄclculo de indolĂȘncia, prefere o trabalho servil, embora penoso, ao real, mais ĂĄspero e duro – torna-se escravo das coisas terrestres para evitar o esforço que o tornaria dono do espĂ­rito.

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