A Cada Virtude Corresponde um VĂcio
Habituo-me a sĂł pensar bem dos meus amigos, a confiar-lhe os meus segredos e o meu dinheiro; nĂŁo tarda que me traiam. Se me revolto contra uma perfĂdia sou eu, sempre, a sofrer o castigo. Esforço-me por amar os homens em geral; faço-me cego aos seus erros e deixo, indulgente ao máximo, passar infâmias e calĂşnias: uma bela manhĂŁ acordo cĂşmplice. Se me afasto de uma sociedade que considero má, bem depressa sou atacado pelos demĂłnios da solidĂŁo; e procurando amigos melhores, acho os piores.
Mesmo depois de vencer as paixões más e chegar, pela abstinĂŞncia, a uma certa tranquilidade de espĂrito, sinto uma auto-satisfação que me eleva acima do prĂłximo; e temos Ă vista o pecado mortal, a vaidade imediatamente castigada.
Textos sobre Infâmia de August Strindberg
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