Apreciação Imparcial

Há poucos indivíduos a quem é dado contemplar uma obra de arte como espectadores tranquilos; mas é difícil encontrar um que seja capaz ou tenha a vontade, ao mesmo tempo que deixa a obra penetrá-lo, e escuta as suas impressões ou as palavras de outro, de permanecer simples observador. Sem se dar conta disso, torna-se crítico, procurando mostrar a sua força de juízo, exercer o seu humor e avaliar a sua própria pessoa.
O ingĂ©nuo fá-lo inicialmente, Ă© certo, sem a menor intenção malĂ©vola; mas mesmo nele, as propriedades naturais do indivĂ­duo nĂŁo tardam a impĂ´r os seus direitos – vaidade e pedantice, desejo de ser superior aos seus prĂłprios olhos e aos olhos dos outros – de tal modo que depressa estará mais decidido a desvelar as fraquezas de uma obra do que a aceitar os seus lados positivos.