Compreender e Unir
Já sĂŁo em nĂşmero demasiado os que vieram ao mundo para combater e separar; o progresso e valor de cada seita e de cada grupo dependeram talvez desta atitude descriminadora e intransigente; aceitemos como o melhor que foi possĂvel tudo o que nos apresenta o passado; mas procuremos que seja outra a atitude que tomarmos; lancemos sobre a terra uma semente de renovação e de Ăntimo aperfeiçoamento.
Reservemos para nós a tarefa de compreender e unir; busquemos em cada homem e em cada povo e em cada crença não o que nela existe de adverso, para que se levantem as barreiras, mas o que existe de comum e de abordável, para que se lancem as estradas da paz; empreguemos toda a nossa energia em estabelecer um mútuo entendimento; ponhamos de lado todo o instinto de particularismo e de luta, alarguemos a todos a nossa simpatia.
Reflitamos em que sĂŁo diferentes os caminhos que toma cada um para seguir em busca da verdade, em que muitas vezes sĂł um antagonismo de nomes esconde um acordo real. Surja Ă luz a Ăntima corrente tanta vez soterrada e nela nos banhemos. Aprendamos a chamar irmĂŁo ao nosso irmĂŁo e façamos apelo ao nosso maior esforço para que se nĂŁo quebre a atitude fraternal,
Textos sobre Instinto de Agostinho da Silva
3 resultadosO Pensador
NĂŁo há nenhuma vida verdadeiramente intelectual em que a polĂ©mica nĂŁo seja um acidente, um desnĂvel entre o engenho e a cultura adquirida, por um lado, e, por outro, o meio ambiente; o pensador nĂŁo Ă©, por estrutura, polemista, embora nĂŁo fuja ante a polĂ©mica, nem a considere inferior; o seu domĂnio Ă© no campo da paz, nĂŁo entre os instrumentos de guerra; quando a batalha se oferece sabe, como o filĂłsofo antigo, marchar com a calma e a severa repressĂŁo dos instintos que o mundo inteiro, ante a sua profissĂŁo, tem o direito de exigir; o seu dever de cidadĂŁo impõe-lhe que tome, ao ecoar da voz bárbara, a lança que defende as oliveiras sagradas e os rĂtmicos templos. A sua linha, porĂ©m, o fio de cumeadas por que se alongam os seus passos melhores comportam apenas uma invenção superadora, um perpĂ©tuo oferecer aos seus amigos humanos de toda a descoberta possibilidade de um caminho mais belo e mais nobre. VĂŞ-se como um guia e um observador de horizontes que se estendam para alĂ©m dos limites do mar e dos limites do cĂ©u; a sua missĂŁo Ă© a de pĂ´r ao alcance de todos os que novamente contemplaram os seus olhos e de os ajudar a percorrer a estrada que abriu ou desvendou;
A Verdadeira Coragem Humana
Se estás disposto a nunca usar da violĂŞncia, e sempre resistindo, torna-te forte de corpo e de alma; Ă© a mais difĂcil de todas as atitudes; exige a constante vigilância de todos os movimentos do espĂrito, o domĂnio completo de todos os impulsos dos nervos e dos mĂşsculos rebeldes; a agressĂŁo Ă© fácil contra o medo e tambĂ©m a primeira solução; para que, em todos os instantes, a possas pĂ´r de lado e substituĂ-la pela tranquila recusa, nĂŁo te deves fiar nos improvisos; a armadura de que te revestes nos momentos de crise Ă© forjada dia a dia e antes deles; faz-se de meditação e de ginástica, de pensamento definido e preciso e de perfeitos comandos; quando menos se prevĂŞ surge o instante da decisĂŁo; rápida e firme, sem emoções ou sufocando-as, tem que trabalhar a máquina formada.
Que trabalhar, sobretudo, humanamente; a visĂŁo do autĂłmato Ă© a pior de todas para os amigos do espĂrito; nĂŁo serĂŁo teus elementos nem a secura, nem a estĂłica dureza, nem o ar superior, nem as cortantes palavras; requere-se no inabalável a humanidade, o sorriso afectuoso, a Ăntima bondade, a desportiva calma, amiga do adversário, de quem joga um bom jogo; sozinho guardarás as lutas interiores que tens de suportar,