NĂŁo Existe InĂcio Nem Fim da Civilização
Ă minha convicção que aquilo a que decidimos chamar civilização nĂŁo começou em nenhum desses pontos do tempo que os nossos eruditos, com o seu saber e inteligĂȘncia limitados, fixam como origens. NĂŁo vejo inĂcio nem fim em lugar nenhum. Vejo a vida e a morte, avançando lado a lado, como gĂ©meos unidos pela cintura. Vejo que em todos os estados de evolução ou de involução, independentemente da paz ou da guerra, da ignorĂŁncia ou da cultura, da idolatria ou da espiritualidade, hĂĄ apenas e sempre a luta do indivĂduo, o seu triunfo ou derrota, a sua emancipação ou servidĂŁo, a sua libertação ou extermĂnio. Essa luta, de natureza cĂłsmica, desafia toda a anĂĄlise, quer cientĂfica, quer metafĂsica, religiosa ou histĂłrica.
Textos sobre InteligĂȘncia de Henry Miller
2 resultadosViver Plenamente os Desejos
Quanto ao facto de saber se o sexual e o religioso sĂŁo antagĂłnicos e opostos, eu responderia do seguinte modo: todos os elementos ou aspectos da vida, por muito pobres, por muito duvidosos que sejam (para nĂłs), sĂŁo susceptĂveis de conversĂŁo, e na verdade devem ser transpostos para outro nĂvel, de acordo com a nossa maturidade e inteligĂȘncia.O esforço visando eliminar os aspectos «repugnantes» da existĂȘncia, que Ă© a obsessĂŁo dos moralistas, nĂŁo sĂł Ă© absurdo, como fĂștil. Ă possĂvel ser-se bem sucedido na repressĂŁo dos pensamentos e desejos, dos impulsos e tendĂȘncias feios e «pecaminosos». mas os resultados sĂŁo manifestamente desastrosos. (Ă estreita a margem que separa um santo e um criminoso). Viver plenamente os seus desejos e, ao fazĂȘ-lo, modificar subtilmente a natureza destes, Ă© o objectivo de todo o indivĂduo que aspira a desenvolver-se. Mas o desejo Ă© soberano e inextirpĂĄvel, mesmo quando, como dizem os budistas, se converte no seu contrĂĄrio. Para alguĂ©m se poder libertar do desejo, tem que desejar fazĂȘ-lo.