O Fim Justifica o Meio
Os meios virtuosos e bonacheirões não levam a nada. É preciso utilizar alavancas mais enérgicas e mais sábios enredos. Antes de te tornares célebre pela virtude e de atingires o teu objectivo, haverá cem que terão tempo de fazer piruetas por cima das tuas costas e de chegar ao fim da corrida antes de ti, de tal modo que deixará de haver lugar para as tuas ideias estreitas. É preciso saber abarcar com mais amplitude o horizonte do tempo presente.
Nunca ouviste falar, por exemplo, da glĂłria imensa que as vitĂłrias alcançam? E, no entanto, as vitĂłrias nĂŁo surgem sozinhas. É preciso que o sangue corra, muito sangue, para serem geradas e depostas aos pĂ©s dos conquistadores. Sem os cadáveres e os membros esparsos que vĂŞs na planĂcie onde se desenrolou sabiamente a carnificina, nĂŁo haverá guerra, e sem guerra nĂŁo haverá vitĂłria. EstĂŁo a ver que, quando alguĂ©m se quer tornar cĂ©lebre, tem que mergulhar graciosamente em rios de sangue, alimentados com carne para canhĂŁo. O fim justifica o meio.
Textos Interrogativos de Conde de Lautréamont
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