Liberdade e Constrangimento SĂŁo Dois Aspectos da Mesma Necessidade
Liberdade e constrangimento sĂŁo dois aspectos da mesma necessidade, que Ă© ser aquele e nĂŁo um outro. Livre de ser aquele, nĂŁo livre de ser um outro. (…) NĂŁo há quem o nĂŁo saiba. Os que reclamam a liberdade reclamam a moral interior, para que nem assim o homem deixe de ser governado. O gendarme – dizem eles de si para si – está no interior. E os que solicitam a coacção afirmam-te que ela Ă© liberdade de espĂrito. Tu, na tua casa, tens a liberdade de atravessar as antecâmaras, de medir a passos largos as salas, uma por uma, de empurrar as portas, de subir ou descer as escadas. E a tua liberdade cresce Ă medida que aumentam as paredes e as peias e os ferrolhos. E dispões de um nĂşmero tanto maior de actos possĂveis onde escolher aquele que hás-de praticar, quantas mais obrigações te impĂ´s a duração das tuas pedras. E, na sala comum, onde assentas arraiais no meio da desordem, deixas de dispor de liberdade, passa a haver dissolução.
E, afinal de contas, todos sonham com uma e a mesma cidade. Mas um reclama para o homem, tal como ele Ă©, o direito de agir.
Textos sobre Liberdade de Antoine de Saint-Exupéry
3 resultadosIgualdade nĂŁo Ă© Identidade
Combaterei pelo primado do Homem sobre o indivĂduo – como do universal sobre o particular. Creio que o culto do universal exalta e liga as riquezas particulares – e funda a Ăşnica ordem verdadeira, que Ă© a da vida. Uma árvore está em ordem, apesar das raĂzes que diferem dos ramos.
Creio que o culto do particular só leva à morte – porque funda a ordem na semelhança. Confunde a unidade do Ser com a identidade das suas partes. E devasta a catedral para alinhar pedras. Combaterei, pois, todo aquele que pretenda impor um costume particular aos outros costumes, um povo aos outros povos, uma raça às outras raças, um pensamento aos outros pensamentos.
Creio que o primado do Homem fundamenta a Ăşnica Igualdade e a Ăşnica Liberdade que tĂŞm significado. Creio na Igualdade dos direitos do Homem atravĂ©s de cada indivĂduo. E creio que a Ăşnica liberdade Ă© a da ascensĂŁo do homem. Igualdade nĂŁo Ă© Identidade. A Liberdade nĂŁo Ă© a exaltação do indivĂduo contra o Homem. Combaterei todo aquele que pretenda submeter a um indivĂduo – ou a uma massa de indivĂduos – a liberdade do Homem.
Creio que a minha civilização denomina «Caridade» o sacrifĂcio consentido ao Homem para que este estabeleça o seu reino.
Não há Liberdade sem Direcção
É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre ou um Corão. Mas é muito diferente, para libertar o homem, fazê-lo reinar sobre si próprio.
Mas o que Ă© libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que nĂŁo sente nada, que significa a sua liberdade? NĂŁo há liberdade a nĂŁo ser a de «alguĂ©m» que vai para algum sĂtio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. SĂł entĂŁo se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se nĂŁo existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, nĂŁo iria a parte nenhuma.