Textos sobre Livros de Alexandre O'Neill

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Textos de livros de Alexandre O'Neill. Leia este e outros textos de Alexandre O'Neill em Poetris.

Os Convencidos da Vida

Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(…) No corre-que-corre, o convencido da vida nĂŁo Ă© um vaidoso Ă  toa. Ele Ă© o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca Ă© gratuita, todo o rendimento possĂ­vel. Nos negĂłcios, na polĂ­tica, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tĂŁo capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la.

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Besta CĂ©lere

Há quem lhe chame, por brincadeira, besta cĂ©lere para caracterizar a qualidade mediana (tomada por mĂ©dia) desse produto cultural (agora Ă© tudo cultural!) e, ao mesmo tempo, a rapidez com que ele se esgota em sucessivas edições. O best-seller Ă© um produto perfeita (ou eficazmente) projectado em termos de «marketing» editorial e livreiro. É para se vender – muito e depressa – que o best-seller Ă© construĂ­do com os olhos postos num leitor-tipo que vai encontrar nele aquilo que exactamente esperava. Nem mais, nem menos. Os exemplos, abundantĂ­ssimos, nem vale a pena enumerá-los. ConvĂ©m nĂŁo confundir, pelo menos em todos os casos, best-seller com «topes» de venda. Embora seja cabeça de lista, o best-seller tem, em relação aos livros «normais», uma caracterĂ­stica que logo o diferencia: foi feito propositadamente para ser um campeĂŁo de vendas. A sua razĂŁo de ser Ă© essa e sĂł essa. E aqui poderia dizer-se, recuperando o lugar-comum para um sentido sĂ©rio, que «o resto Ă© literatura».
Estou a pensar em bestas céleres como Love Story ou O Aeroporto. Não estou a pensar em «topes» de venda como O Nome da Rosa ou Memórias de Adriano. estes últimos são boa, excelente literatura que, por razões pontuais e,

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