Em Portugal, Ter Amor Ă s Nossas Coisas Implica Dizer Mal Delas
Em Portugal, ter amor Ă s nossas coisas implica dizer mal delas, jĂĄ que a maior parte delas nĂŁo anda bem. Nem uma coisa nem outra constitui novidade. Nem dizer mal delas, nem o facto de elas nĂŁo andarem bem. SerĂĄ que se diz mal na esperança de que elas se ponham boas? TambĂ©m nĂŁo. As nossas causas sĂŁo quase sempre perdidas. PorquĂȘ entĂŁo?
Porque o nosso maior bem, como AntĂłnio Vieira contradizia, Ă© nunca estarmos satisfeitos. Nas nossas cabeças perversas e almas amarguradas, onde se acham todas as coisas portuguesas tal e qual achamos que deviam ser, Portugal Ă© o paĂs mais perfeito do mundo. JĂĄ isso Ă© uma espĂ©cie de paĂs, melhor do que os paĂses reais onde as pessoas estĂŁo realmente convencidas que as coisas correm muito bem. Aprendemos a viver com esse paĂs. E alguns conseguiram mesmo viver nele.
Desdenhar o que se tem e elogiar o que tĂȘm os outros, mas sem querer trocar, Ă© a principal caracterĂstica do aristocrĂĄtico feitio do povo portuguĂȘs. Ăs vezes penso que dizemos tanto mal de Portugal e dos portugueses para que nĂŁo sejam os estrangeiros a fazĂȘ-lo. Monopolizamos a maledicĂȘncia para nos defendermos; para evitar a concorrĂȘncia.
Textos sobre MaledicĂȘncia de Miguel Esteves Cardoso
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