O Teu CĂ©u
Ă em vida que tens o teu cĂ©u. Mas nĂŁo Ă© um cĂ©u prometido. Um cĂ©u prometido Ă© um cĂ©u precavido, um cĂ©u prevenido â um cĂ©u invertido. O que jĂĄ sabes que vai ser cĂ©u Ă© um martĂrio. Se sabes que vai ser cĂ©u: entĂŁo Ă© porque nĂŁo Ă© cĂ©u. Ăs tu que, todos os dias, tens de agarrar nas tuas perninhas e no monte de antĂteses de que Ă©s feito. Ăs tu que tens de rezar pelo teu cĂ©u. Mas rezar nĂŁo Ă© de joelhos. Rezar nem sequer Ă© cruzar os dedos e olhar para o cĂ©u Ă espera de que de lĂĄ caia alguma coisa. O mais inusitado que podes esperar que caia do cĂ©u sĂŁo perdigotos de quem, como tu, pensa que rezar Ă© dizer meia dĂșzia de palavras com os joelhos dobrados e as mĂŁos unidas em forma de impotĂȘncia. Mas rezar nĂŁo Ă© nada disso. Vou-te explicar o que Ă© rezar. Oremos, irmĂŁo.
Rezar nĂŁo Ă© ajoelhar nem Ă© falar nem Ă© esperar. Rezar Ă© lutar. NĂŁo Ă© por acaso que depois de morrer alguĂ©m de quem se gosta se faz o luto. Luto. Ouve bem, lĂȘ bem: sente bem. Luto. Luto.
Textos sobre MartĂrio de Pedro Chagas Freitas
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