Literatura Eterna ou Temporal
Penso eu que a literatura pode responder a interrogações, pode tentar responder-lhes, pode simplesmente pĂ´-las e pode nem sequer pĂ´-las. Há a contar com a variedade dos temperamentos literários. Coisa difĂcil, sei-o por experiĂŞncia prĂłpria, embora deva estar na base de qualquer atitude crĂtica. Aceitemos, porĂ©m, que toda a grande literatura põe interrogações, e lhes procura resposta. Pergunto: NĂŁo poderá admitir-se que seja antes Ă s interrogações eternas do homem eterno que a literatura procura responder? NĂŁo envelhecerá uma obra de arte precisamente na medida em que sĂł responde Ă s inquietações de uma Ă©poca? E nĂŁo perdurará na medida em que, atravĂ©s, ou nĂŁo, de respostas provisĂłrias a interrogações provisĂłrias, sugere uma resposta eterna a interrogações eternas, exprime inquietações eternas embora de forma pessoal?
Entendamo-nos: Há quem, no homem, antes considere o homem eterno, e quem antes considere o homem temporal. O leitor compreende que chamo homem eterno ao que, no homem, permanece através da diversidade das épocas, dos meios, das circunstâncias históricas, das modalidades individuais; e que chamo homem temporal ao que nele depende destas coisas. Evidentemente, o homem que através da literatura se nos revela é, ao mesmo tempo, um e outro: o temporal e o eterno. Mas a questão é esta: Será antes pelo que nos revela do homem temporal que uma obra dura por humana –
Textos sobre Medida de José Régio
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