A Análise dos Sentimentos
Os sentimentos experimem a felicidade, fazem sorrir. A análise dos sentimentos exprime a felicidade, pondo de parte toda a personalidade; faz sorrir. Aqueles elevam a alma, dependentemente do espaço, do tempo, atĂ© Ă concepção da humanidade considerada em si mesma, nos seus membros ilustres! Esta eleva a alma, independentemete do tempo, do espaço, atĂ© Ă concepção da humanidade considerada na sua mais alta expressĂŁo, a vontade! Aqueles tratam dos vĂcios, das virtudes; esta trata apenas das virtudes. Os sentimentos nĂŁo conhecem a ordem da sua marcha. A análise dos sentimentos ensina a fazĂŞ-la conhecer, aumenta o vigor dos sentimentos. Com eles, tudo Ă© incerteza. SĂŁo a expressĂŁo da felicidade e da infelicidade, dois extremos. Com ela, tudo Ă© certeza. Ela Ă© a expressĂŁo daquela felicidade que resulta, em determinado momento, de nos sabermos conter no meio das paixões boas ou más.
Ela utiliza a sua calma para fundir a descrição dessas paixões num princĂpio que circula atravĂ©s das páginas: a nĂŁo-existĂŞncia do mal. Os sentimentos choram quando lhes Ă© preciso, tanto como quando lhes nĂŁo Ă©. A análise dos sentimentos nĂŁo chora. Possui uma sensibilidade latente, que apanha desprevenido, arrasta por cima das misĂ©rias, ensina a dispensar guia, fornece uma arma de combate.
Textos sobre Miséria de Conde de Lautréamont
2 resultadosDivertimento Enganador
Os homens, tendo podido curar-se da morte, da misĂ©ria, da ignorância, lembraram-se, para se tornarem felizes, de nĂŁo pensar nisso. Foi tudo quanto inventaram para se consolarem de tĂŁo poucos males. Consolação riquĂssima. NĂŁo se dirige a curar o mal. Esconde-o por um pouco. Escondendo-o, faz com que se pense em curá-lo. Por uma legĂtima desordem da natureza do homem, nĂŁo se acha que o tĂ©dio, que Ă© o seu mal mais sensĂvel, seja o seu maior bem. Pode contribuir mais do que qualquer outra coisa para lhe fazer procurar a sua cura. Eis tudo. O divertimento, que ele olha como o seu maior bem, Ă© o seu Ănfimo mal. Aproxima-o, mais do que todas as outras coisas, de procurar o remĂ©dio para os seus males. Um e outro sĂŁo contraprova da misĂ©ria, da corrupção do homem, excepto da sua grandeza. O homem aborrece-se, procura aquela multidĂŁo de ocupações. Tem a ideia da felicidade que conquistou; felicidade que, encontrando em si, procura nas coisas exteriores. Contenta-se.