O Intelectual e o PolĂtico
A missĂŁo do chamado «intelectual» Ă©, de certo modo, oposta Ă do polĂtico. A obra intelectual aspira, frequentemente em vĂŁo, a aclarar um pouco as coisas, enquanto a do polĂtico sĂłi, pelo contrário, consistir em confundi-las mais do que já estavam. Ser da esquerda Ă©, como ser da direita, uma das infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser um imbecil: ambas, com efeito, sĂŁo formas da hemiplegia moral.
Textos sobre Missão de José Ortega y Gasset
2 resultadosO Homem-Massa
Numa boa ordenação das coisas pĂşblicas, a massa Ă© o que nĂŁo actua por si mesma. Tal Ă© a sua missĂŁo. Veio ao mundo para ser dirigida, influĂda, representada, organizada – atĂ© para deixar de ser massa, ou, pelo menos, aspirar a isso. Mas nĂŁo veio ao mundo para fazer tudo isso por si. Necessita referir a sua vida Ă instância superior, constituĂda pelas minorias excelentes. Discuta-se quanto se queira quem sĂŁo os homens excelentes; mas que sem eles – sejam uns ou outros – a humanidade nĂŁo existiria no que tem de mais essencial, Ă© coisa sobre a qual convĂ©m que nĂŁo haja dĂşvida alguma, embora leve a Europa todo um sĂ©culo a meter a cabeça debaixo da asa, ao modo dos estrĂşcios para ver se consegue nĂŁo ver tĂŁo radiante evidĂŞncia. Porque nĂŁo se trata de uma opiniĂŁo fundada em factos mais ou menos frequentes e prováveis, mas numa lei da «fĂsica» social, muito mais incomovĂvel que as leis da fĂsica de Newton. No dia em que volte a imperar na Europa uma autĂŞntica filosofia – Ăşnica coisa que pode salvá-la –, compreender-se-á que o homem Ă©, tenha ou nĂŁo vontade disso, um ser constitutivamente forçado a procurar uma instância superior.