As Lágrimas e o Amor
As lágrimas das raparigas refrescam-me. Levantam-me o moral. Às vezes lambo-as dos cantos dos olhos. São mini-margaridas, sem álcool, inteiramente naturais. Dizer «Não chores» funciona sempre, porque só mencionar o verbo «chorar» emociona-as e liberta-as, dando-lhe a carta branca para chorar ainda mais. Só intervenho com piadas e palavras de esperança e de amor quando elas vão longe demais e começam, por exemplo, a pingar do nariz.
As raparigas, depois de chorar, ficam com vontade de fazer amor. É como se tivessem apanhado uma carga de chuva. Ficam todas molhadas. NĂłs somos a toalha que está mais Ă mĂŁo. O turco maluco com que se embrulham e enxutam. É horrĂvel, nĂŁo Ă©? Mas sĂł um santo nĂŁo se aproveitaria.
E as raparigas que choram depois de se virem? EstarĂŁo assim tĂŁo arrependidas? Comovidas? Simplesmente agradecidas? Gostaria de pensar que sim. As trĂŞs coisas, pelo menos. Elas prĂłprias nĂŁo sabem. Riem-se logo de seguida. As piores sĂŁo as que se riem logo ao princĂpio. Mas as piores tambĂ©m sĂŁo muito queridas.
Textos sobre Moral de Miguel Esteves Cardoso
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