Da Desigualdade que Existe Entre os Homens
Plutarco diz nalgum lugar que nĂŁo observa entre um animal e outro distância tĂŁo grande como encontra entre um homem e outro. Está a falar do valor da alma e das faculdades interiores. Na verdade, observo tanta distância de Epaminondas, como o imagino, atĂ© alguĂ©m que conheço, quero dizer capaz de senso comum, que de bom grado eu iria alĂ©m de Plutarco e diria que há mais distância entre tal e tal homem do que há entre tal homem e tal animal: Ah! Entre um homem e outro homem, quanta distância! (TerĂŞncio), e que há tantos graus de espĂritos quantas braças há daqui ao cĂ©u, e igualmente inumeráveis.
Mas, a propĂłsito da avaliação dos homens, Ă© espantoso que, excepto nĂłs, todas as coisas sejam avaliadas tĂŁo-somente pelas suas prĂłprias qualidades. Elogiamos um cavalo porque Ă© vigoroso e ágil, e nĂŁo pelos arreios; um galgo pela sua velocidade, nĂŁo pela coleira; um pássaro pela envergadura e nĂŁo pelas suas correias e sinetas. Por que da mesma forma nĂŁo avaliamos um homem pelo que Ă© propriamente seu? Ele tem um alto nĂvel de vida, um belo palácio, tanto de crĂ©dito, tanto de renda: tudo isto está ao redor dele e nĂŁo nele.
Textos sobre Nabos de Michel de Montaigne
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