Poesia e Verdade
De facto, entre a poesia e a verdade existe uma natural oposição: falsa moral e natureza fictĂcia. O poeta sempre necessita de algo falso. Quando ele pretende fincar os seus fundamentos na verdade, o ornamento da sua superestrutura Ă© feito de ficções; a sua acção consiste em estimular as nossas paixões e excitar os nossos preconceitos. A verdade, a exactidĂŁo de todo o tipo, Ă© fatal Ă poesia. O poeta tem de olhar tudo atravĂ©s de meios coloridos e esforça-se a levar cada pessoa a fazer o mesmo. Existem espĂritos nobres, Ă© verdade, com os quais a poesia e a filosofia estĂŁo igualmente em dĂvida, mas essas excepções nĂŁo contrabalançam os danos resultantes dessa arte mágica.
Textos sobre Natureza de Jeremy Bentham
2 resultadosA Dor e o Prazer
A natureza colocou o gĂ©nero humano sob o domĂnio de dois senhores soberanos: a dor e o prazer. Somente a eles compete apontar o que devemos fazer, bem como determinar o que na realidade faremos. Ao trono desses dois senhores está vinculada, por uma parte, a norma que distingue o que Ă© recto do que Ă© errado, e, por outra, a cadeia das causas e dos efeitos.
Os dois senhores de que falamos governam-nos em tudo o que fazemos, em tudo o que dizemos, em tudo o que pensamos, sendo que qualquer tentativa que façamos para sacudir esse senhorio outra coisa nĂŁo faz senĂŁo demonstrá-lo e confirmá-lo. AtravĂ©s das suas palavras, o homem pode pretender abjurar tal domĂnio, porĂ©m na realidade permanecerá sujeito a ele em todos os momentos da sua vida.